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segunda-feira, 3 de julho de 2017

Fernando Campos de Castro





A VOZ DO CORPO
Não quebres o silêncio deste quarto
Deixa ficar a voz para depois
Que quanto mais palavras mais me aparto
Do mundo que sonhei para nós dois

Não é preciso mais do que a ternura
Nem é precisa a luz da vela gasta
Para acender a noite de loucura
A luz dos nossos corpos já nos basta

As bocas que se cumpram de mil beijos
Que sabem a flores, a água e mel
E os dedos que se rendam aos desejos
Que temos a ferver à flor da pele

Não é preciso nada além da voz
Nem sequer os ruídos que nos chamam
Nem é precisa, amor, a nossa voz
Já basta a voz dos corpos que se amam

Fernando Campos de Castro  

Foto de Antonio Baptista.

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