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terça-feira, 3 de janeiro de 2017

J. G. de Araújo Jorge






    POESIA  
    Chovia... chovia...
    Naquela tarde, como chovia!
    ...

    Me lembro de que a chuva caía
    lá fora
    sem parar,
    e seu surdo rumor até parecia
    um sussurro de quem chora
    ou uma cantiga de embalar...


    Me lembro que tu chegaste
    inquieta, ansiosa,
    mas logo te aconchegaste
    em meus braços, quietinha...
    (...enrodilhada como uma gatinha...)


    E eu quase não sabia o que fazer:
    se de encontro ao meu peito te deixava adormecer...
    se te mantinha acordada, para seres minha...


    Me lembro que chovia... chovia sem parar...
    E que a chuva caía a turvar as vidraças
    anoitecendo o quarto em seus tons baços...


    Me lembro de que te sentia
    aconchegada em meus braços...


    Me lembro que chovia...
    E de que era bom porque chovia,
    e porque estavas ali, e porque eu te queria...
    Sim, me lembro que tudo era bom...
    E que a chuva caía, caía,
    monótona, sem parar,
    naquele mesmo tom...

    Naquela tarde, amor, como chovia!

    Agora, quando longe de ti, nem sou mais eu
    em minha melancolia,
    não posso mais ouvir a chuva cair
    que não fique a lembrar tudo o que aconteceu
    naquele dia...


    Naquele dia...
    enquanto chovia... 

    J. G. de Araújo Jorge

      Foto de Antonio Maria.

1 comentário:

Fatima maria disse...

Me lembro que chovia...
E de que era bom porque chovia,
e porque estavas ali, e porque eu te queria...
Sim, me lembro que tudo era bom...
E que a chuva caía, caía,
monótona, sem parar,
naquele mesmo tom...

Naquela tarde, amor, como chovia!


beijinhos,por aqui tudo melhorou........