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quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Eugénio de Andrade







Retrato Ardente



No teu peito
é que o pólen do fogo
se junta à nascente,
alastra na sombra. 
Nos teus flancos
é que a fonte começa
a ser rio de abelhas,
rumor de tigre. 
Da cintura aos joelhos
é que a areia queima,
o sol é secreto,
cego o silêncio. 
Deita-te comigo.
Ilumina meus vidros.
Entre lábios e lábios
toda a música é minha

Eugénio de Andrade    



Foto de Hamilton Ramos Afonso -poesia.


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