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terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Nu jasmim Ester L. Cid











Nu jasmim   



Despes-me
e
nesse nu jasmim
as
borboletas
que pairam no teu olhar
percorrem-me o corpo
numa busca certa do que é incerto

sonho consentido
entrega de dois corpos
um raio de lua perdido

oásis em seco deserto
mares agitados de prazer

chuva fria aquecida
com o teu corpo no meu

onde dentro me lavras
planícies semeadas
em campos férteis da tua seiva
em melodia de ventos
que me percorrem
suspiros
de orgasmos

neste acordar prometido
maior do que a madrugada.   



Ester L. Cid   

Foto de Hamilton Ramos Afonso -poesia.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Joaquim Pessoa











Amei demais  




Madruguei demais. Fumei demais. Foram demais
todas as coisas que na vida eu emprenhei.
Vejo-as agora grávidas. Redondas. Coisas tais,...
como as tais coisas nas quais nunca pensei.


Demais foram as sombras. Mais e mais.
Cada vez mais ardentes as sombras que tirei
do imenso mar de sol, sem praia ou cais,
de onde parti sem saber por que embarquei.


Amei demais. Sempre demais. E o que dei
está espalhado pelos sítios onde vais
e pelos anos longos, longos, que passei


à procura de ti. De mim. De ninguém mais.
E os milhares de versos que rasguei
antes de ti, eram perfeitos. Mas banais.   



Joaquim Pessoa   

Foto de Antonio Maria.

FÁTIMA PORTO











QUERER NA DISTÂNCIA



Na penumbra do entardecer
Fecho os olhos
Ao deleite de sentir tua presença

Como é doce e suave
Tuas mãos 
Desalinhando meus cabelos
Pedindo um beijo

Oh caricias meigas
De teus braços num abraço
Sentido apenas vazio

Queria sentir o perfume do corpo
Entrelaçado no meu
Como flores enlaçadas de pétalas uma a uma
Pelo orvalho do silêncio da noite
Pois minha fragância se espalha
Levada p’la suave brisa
Por tanto te querer…   



FÁTIMA PORTO   


Foto de Hamilton Ramos Afonso -poesia.


sábado, 28 de janeiro de 2017

onde estás tu.... são reis











onde estás tu que não dás por mim
a afagar-te a alma?
a rasgar-me em sorrisos
que não sinto
apenas para te ver sorrir a ti?
onde estás tu que não vês os meus olhos
correndo como loucos 
atrás dos teus
que não dás conta das rosas
que desabrocharam antes de maio
do rio que corre límpido
com o degelo?!
Onde estás tu meu amor
que perdi a forma dos teus braços
e a mansa quietude das tuas mãos?!
Onde que nem dás por mim?! 


são reis   

Foto de Fatima Pereira.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Don't Cry For Me Argentina - Madonna















Eu sempre fico excitado quando ouço esta música e Madonna .....

Ney Matogrosso - Poema











Ney Matogrosso interpreta Poema (Cazuza e Frejat), gravado ao vivo em 1999, show Olhos de Farol. Extraído do DVD Ney Matogrosso Vivo Copyright: Universal Music  






helena guimaraes







AS TUAS MÃOS  MEIGAS ...



As tuas mãos meigas e morenas
que deslizam no meu corpo , lentas ,
em busca de morna intimidade ,...
têm laivos de sensualidade ,
de entrega , de posse e sedentas
bebem carícias de afecto plenas .


Caminhando no meu abandono ,
despertam mananciais de prazer ,
ponteados subtis de ternura .
Doce lascívia que perdura
na intensidade do querer
que nimba a fronteira do meu sono .


Essas mãos ávidas e atrevidas ,
as tuas , que o corpo me protejem
numa suave posse , desligada ,
corporizam , de forma delicada ,
aquelas emoções que inda emergem
no diário comum das nossas vidas.   



helena guimarães   


Do livro "" INTIMIDADES ""
pag. 29 ANO 1994  



Mais vale alumiar com uma
só e minúscula candeia do
que maldizer a escuridão 


Provérbio chinês   


Foto de Antonio Maria.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Fernando Pinto do Amaral









Não consigo dormir. Há pouca horas
despedi-me de ti - "every time 
we say goodbye
I die a little". Devo habituar-me
às fases dessa lua a que obedeces, 
às estranhas marés de cada instante 
que tu sabes viver como se fosse 
o único, o melhor da tua vida 
isenta de remorsos e de apegos, 
tão próxima de tudo. A minha dor 
vai-se apagando à medida que um anjo 
desce ao meu quarto e começa a torná-lo 
fugaz imitação de um paraíso 
em que até o meu nome se alterasse. 

Não há nada a fazer, no entanto: 
o facto é que, apesar de algum amor, 
eu não me chamo Pedro, 
mas sou ainda demasiado humano 
para me libertar. Ainda não despertei, 
ainda não tenho trinta e cinco anos 
como Siddharta no momento em que 
terá visto o vazio, escutado o inaudível. 

Aquilo que vislumbro a esta hora 
são rápidos reflexos de uma silhueta 
que só podes ser tu 
entre o céu e o mar, nessa noite 
de lua cheia, quando abandonámos 
um restaurante junto ao Guincho. Eu queria 
ficar também assim, unir-me devagar 
à linha do horizonte, sem saber 
distinguir as fronteiras de coisa nenhuma. 

Não hei-de conseguir: por mais que tente, 
por mais que me desprenda ou desaprenda 
os ritos e os ritmos do corpo ou da alma, 
hei-de lembrar-me dos teus olhos vagos 
e hei-de supor que estavam procurando 
dizer-me qualquer coisa. Apenas o silêncio 
poderia falar como eles 
nessa plena doçura de existir 
na maior paz do mundo. E contudo, pra mim 
cada palavra se conjuga sempre 
com outras palavras, e assim por diante 
até ao infinito, até formarem 
por exemplo um poema como este 
- inútil quer pra mim, quer para ti 
ou pra qualquer leitor que nele ainda 
pretendesse encontrar alguns vestígios 
dessa tão pobre e má sabedoria 
à qual, já só por hábito literário, 
gostamos de chamar o coração. 

Despedi-me de ti há pouco tempo, 
mas continuo a ver-te, ignorando 
por que me agrada ainda a sensação 
de ter morrido mais um pouco. A vida 
vai arrastar-me ao longo de outras vidas 
entre o maelström dos bares onde irei afogar 
esta ansiedade exausta - não é grave, 
eu sei que não é grave e que entre nós 
há-de restar plo menos a sombra de um anjo 
que nos segrede uma palavra mágica 
e saiba prolongá-la em tudo o que algum dia
- talvez daqui por meses, anos, séculos -
ainda formos capazes de sentir. 


Fernando Pinto do Amaral    





Nuno Júdice









Nuno Júdice //// Sonhei contigo embora nenhum sonho

Sonhei contigo embora nenhum sonho 



Sonhei contigo embora nenhum sonho
possa ter habitantes tu, a quem chamo
amor, cada ano pudesse trazer
um pouco mais de convicção a
esta palavra. É verdade o sonho
poderá ter feito com que, nesta
rarefação de ambos, a tua presença se
impusesse - como se cada gesto
do poema te restituísse um corpo
que sinto ao dizer o teu nome,
confundindo os teus
lábios com o rebordo desta chávena
de café já frio. Então, bebo-o
de um trago o mesmo se pode fazer
ao amor, quando entre mim e ti
se instalou todo este espaço -
terra, água, nuvens, rios e
o lago obscuro do tempo
que o inverno rouba à transparência
das fontes. É isto, porém, que
faz com que a solidão não seja mais
do que um lugar comum saber
que existes, aí, e estar contigo
mesmo que só o silêncio me
responda quando, uma vez mais
te chamo.

Nuno Júdice 




   
Resultado de imagem para fotos de chávenas de café





quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Cidália Ferreira










Senti que a tua voz beijou meu coração.



Senti chegar o calor do teu abraço
Quando a tua voz me oferecias ouvir,
Imaginei-nos no silêncio do embaraço,
Senti uma vontade de correr ao teu encontro
Mostrar-te que meu coração tem mais luz
Quando ouve da tua voz, a sedução
Deixando-me saudosa ao insistir 
E lembrar os momentos de outrora 
.
Sinto que me confortas quando preciso
É teu carinho o bálsamo que me alimenta
Quando me encontro nesta dura solidão,
São tantas as vezes que me apetece desistir, 
Tua presença dá-me alento, dá-me força
Dá-me esperança, para o melhor que possa vir
Neste imaginário onde está minha ilusão,
Senti que a tua voz beijou meu coração.


Cidália Ferreira    


Imagem relacionada

Escrito por: ROSAMARIA











Lembra-te de Mim...  





Lembra-te de mim...quando ouvires o pranto das rosas...eu parti
Quando nos teus sonhos não sentires a ternura do meu coração
Quando o silênc...io gritar...sou eu meu amor do céu a chamar por ti
Quando ouvires um triste fado...são os acordes da minha solidão

Lembra-te de mim...quando a noite chegar e o sol se esconder
Quando ouvires o pranto da madrugada...é o eco minha saudade
Quando sentires na boca o perfume das rosas...sou eu a morrer
Quando ouvires o meu nome...esquece-o...já se fez eternidade

Lembra-te de mim...quando a poesia não gritar meus lamentos
Quando as minhas mãos nas tuas arrefecerem...sou eu a partir
Quando meus olhos ficarem mudos...apagados...de luz sedentos
Quando sentires uma lágrima...é a minha alma para ti a sorrir

Lembra-te de mim...quando de mim nem um poema restar
Quando dos meus dedos inertes...se esfumarem as prosas
Na minha boca se calarem as palavras e deixar de sonhar
Quando sentires uma lágrima...sou eu a partir com as rosas

Lembra-te de mim...quando ouvires um magoado lamento
Quando sentires no teu corpo calor...é o meu que te quer
Quando os teus olhos chorarem...sou eu a ir com o vento
Quando escutares o silêncio...são os meu braços de mulher

Lembra-te de mim...quando na noite olhares a lua...sou eu
É o meu rosto que vês...envolto no sorriso do meu olhar
Quando adormeceres...recorda quem por amor se perdeu
Sente-me nas gotas de chuva...quando a saudade te tocar   



Escrito por: ROSAMARIA    

Foto de Fatima Pereira.
                              

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

rui amaral mendes









fogo/fumo   




aspiras para dentro do peito...
o âmago primordial do homem
como se trouxesses um cigarro preso nos lábios
decantando essências no fogo vivo de cada inspiração


entregas o fumo à noite como se
desmentisses a queda dos graves
e deitas as cinzas sobre o chão
como se fossem reminiscências da efemeridade   



rui amaral mendes  in do fundo do silêncio  

Foto de Antonio Maria.






segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

_____Joe Luigi









Com você..

...

Quando eu estou com você,
quero que todos os dias 
sejam sempre o agora.
Que as horas não passem 
que sejam eternos os minutos
parados no tempo.
Quando eu estou com você,
quero o sil


êncio da noite,
uma imensidão de estrelas,
quero o mais lindo luar.
Ah..quando estou com você
eu quero um coral de anjos
embalando nossos sonhos,
os nossos momentos de amor.
Quando eu estou com você,
eu quero que tudo pare
eternizando este momento.
quero também que você saiba
que eu sinto demais a sua falta
mesmo eu estando com você.  



_____Joe Luigi     




domingo, 22 de janeiro de 2017

David Mourão Ferreira









Noite apressada   



Era uma noite apressada 
depois de um dia tão lento. 
Era uma rosa encarnada 
aberta nesse momento. 
Era uma boca fechada 
sob a mordaça de um lenço. 
Era afinal quase nada, 
e tudo parecia imenso!

Imensa, a casa perdida 
no meio do vendaval; 
imensa, a linha da vida 
no seu desenho mortal; 
imensa, na despedida, 
a certeza do final.

Era uma haste inclinada 
sob o capricho do vento. 
Era a minh'alma, dobrada, 
dentro do teu pensamento. 
Era uma igreja assaltada, 
mas que cheirava a incenso. 
Era afinal quase nada, 
e tudo parecia imenso!

Imensa, a luz proibida 
no centro da catedral; 
imensa, a voz diluída 
além do bem e do mal; 
imensa, por toda a vida, 
uma descrença total!   




David Mourão-Ferreira   

Foto de Antonio Maria.

sábado, 21 de janeiro de 2017

Maria Olinda Maia








Ao vento...  



Entreguei minha alma.
Sinto nas minhas mãos...
o bater do meu coração
a alegria de viver
a ansia de te ter
o desejo de te ver
a alegria de te sentir...


O vento...
Trás e leva...
O desejo...
O beijo...
O sonho...
O sorriso...
O abraço mais sentido...
A sede de viver
para ti...


Cada pulsar da minha alma
está contigo.
Tu és a vida
que habita em mim.


Ao vento...
Entreguei minha alma.
Entreguei meu amor.   



Maria Olinda Maia     


Foto de Maria Olinda Maia.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Laura Santos









   Sinto a tua falta

                                        quando
                                        no mofo dos dias
                                        os braços da aurora me acordam
                                        e do peito uma ave se solta em voo de luz
                                        em direcção à nora
                                        onde os meus olhos bebem a manhã
                                        na névoa do velho alcatruz.

                                        Quando
                                         os raios do meio-dia escorrem
                                         pelas paredes num lamento
                                         e o calor refugiado na sombra
                                         não me refresca o pensamento
                                         na hora dorida que se arrasta
                                         sem vontade de morrer na lonjura
                                         que de ti me afasta.
                                         E é vertical a tua lembrança
                                         caindo a prumo. Transportando
                                         para as masmorras da esperança
                                         a escuridão da noite e a voz 
                                         que permanece muda
                                         no atalho da distância.
                                         O brilho das coisas raras esconde-se 
                                         na seiva dos lírios e num desejo
                                         feito cobiça de águas invioladas
                                         onde se atrevem temerários sonhos;
                                         os últimos sobreviventes
                                         do amor e da morte. Reféns
                                         suspensos de grandes asas
                                         que se despenham fazendo estremecer
                                         os alicerces dos homens e das casas.
                                         Apanho-os do chão, labareda feita água
                                         na plenitude do nada, dura solidez
                                         em que me sinto e me distraio
                              
                                         quando
                                         atravesso o rio e os meus passos
                                         lentamente marginais
                                         não alcançam como dantes
                                         os desígnios dos espaços siderais
                                         e uma nota em dó menor
                                         atormenta o sono das pedras.

                                        Quando
                                         ao cair da tarde uma folha seca
                                         soa em corrupio no vento
                                         e desaparece sem o regresso 
                                         do sol ao firmamento.   




                                         Laura Santos   



NE ME QUITTE PAS  : 
  Composta  e cantada por Jacques Brel em 1959, "Ne Me Quitte Pas" é segundo o autor, uma canção não sobre o amor mas sobre a cobardia dos homens. Neste caso sobre a sua própria cobardia em relação a Suzanne Gabriello.     


                                   




Miguel Torga






Recomeça….


 

Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças…
Miguel Torga