Seguidores

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Joaquim Pessoa //// Poema sexagésimo nono



POEMA 
SEXAGÉSIMO 
NONO
 
Amo a figueira,
a sonolenta árvore onde Judas
ajustou contas com a sua palavra,
vitória breve da inflorescência da
traição. Figo que no espírito se fez carne
e se fez casa ambiciosa, difícil de sustentar
a hipotética hipoteca da
consciência.
A figueira recusou
os trinta dinheiros que
pendiam da mão desolada do apóstolo,
sem contabilizar o envergonhado brilho
dessa prata que
bastaria para comprar todos os figos
que a figueira nunca pretendeu 
mais
que oferecer.
 

 

Joaquim Pessoa

De 
GUARDAR O FOGO, a publicar 
brevemente, com Texto Introdutório
de Maria da Conceição Andrade e
Maria Fernanda Navarro, 
da Univ. do Algarve.



.
« Fios de prata, envolvem o azul do mar.É a lua a iluminar o caminho do meu lamento...»

Hamilton Afonso.



Sem comentários: