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domingo, 5 de abril de 2015

ANTÓNIO RAMOS ROSA

 
Tinhas um nome de trigo e de silêncio
e no círculo da tua íris a melancolia
de um verde leve e de um lilás suave.
O teu sorriso cintilava como o oiro da penumbra
O vento da sombra despenteara-te os cabelos
e o negro ramalhete de uma madeixa esguia
pendia sobre a tua fonte pálida e indecisa
Aproximei-me do seu rosto como uma vogal branca
e acariciei-o como se acaricia uma nascente de linho
ou uma pequena estrela limpa uma andorinha branca
e com os meus dedos soletrei-lhe todas as minúcias mágicas
Pronunciou então o meu nome num murmúrio de seda
ou como um óleo de lua. O meu sangue deslizou
sob uma chuva de pólen para o lábio de uma praia
entre a primavera e o outono da ternura
Minha pequena estrela que julgara perdida
erguia-se da água com os ombros esguios
e da fonte dos ventos mais suaves
como uma ânfora de linfa ou um ramo de oiro pálido
 

ANTÓNIO RAMOS ROSA



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