Tu és a esperança, a madrugada.
Nasceste nas tardes de Setembro,
quando a luz é perfeita e mais dourada,
e há uma fonte crescendo no silêncio
da boca mais sombria e mais fechada.
Para ti criei palavras sem sentido,
inventei brumas, lagos densos,
e deixei no ar braços suspensos
ao encontro da luz que anda contigo.
Tu és a esperança onde deponho
meus versos que não podem ser mais nada.
Esperança minha, onde meus olhos bebem,
fundo, como quem bebe a madrugada.
in AS MÃOS E OS FRUTOS (Linear, 1977),
in POESIA DE EUGÉNIO DE ANDRADE
(Modo de Ler, 2011)
1 comentário:
Lindo...como sempre......
Gostei da imagem....srsr
beijo
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