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quinta-feira, 16 de maio de 2013

De Alexandra



Há pequenas aves que têm raízes nas palavras,
essas palavras que não ficam arrumadas com decência na literatura, palavras de amantes sem amor, gente que sofre e a quem falta o ar quando faltam as palavras. Quando digo o teu nome há uma ave que levanta voo como se tivesse nascido o dia e uma brisa
encarcerada nas amêndoas se soltasse para a impelir
para o mais frio, para o mais alto, para o mais azul.
Quando volto para casa o teu nome vai comigo
e ao mesmo tempo espera-me já
numa casa construída com dois nomes,
como se tivesse duas frentes,
uma para a montanha e outra para o mar.
Por vezes dou-te o meu nome e fico com o teu,
espreito então pelas janelas de onde
se vêem coisas que nunca antes tinha visto,
coisas que adivinhava mas que não sabia,
coisas que sempre soube mas que nunca quis olhar.
Nessas alturas o meu nome é o teu olhar,
e os meus olhos são justamente a pronúncia do
teu nome que se diz com um pequeno brilho molhado,
um som pequeno como um roçagar de asas
dessas aves que constroem o ninho na folhagem da fala
e criam raízes fundas nas pala
vras vulgares
que os vulgares amantes engrandecem
quando falam de amor.




 


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