No teu rosto
competem mil madrugadas
Nos teus lábios
a raiz do sangue
procura suas pétalas
A tua beleza
é essa luta de sombras
é o sobressalto da luz
num tremor de água
é a boca da paixão
mordendo o meu sossego
in "RAIZ DE ORVALHO E OUTROS POEMAS" (Caminho, 2009)
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quinta-feira, 30 de maio de 2013
quarta-feira, 29 de maio de 2013
A Noite do Meu Bem - Dolores Duran
A noite do meu bem...
Hoje eu quero a rosa mais linda que houver
E a primeira estrela que vier
Para enfeitar a noite do meu bem
Hoje eu quero paz de criança dormindo
E abandono de flores se abrindo
Para enfeitar a noite do meu bem
Quero a alegria de um barco voltando
Quero ternura de irmãos se encontrando
Para enfeitar a noite do meu bem
Ah! eu quero o amor, o amor mais profundo
Eu quero toda beleza do mundo
Para enfeitar a noite do meu bem
Ah! como este bem demorou a chegar
Eu já nem sei se terei no olhar
Toda pureza que eu quero lhe dar.
De : Carlos Enrique Ungo
E que venha a noite
Me presenteia com o riso dos teus olhos,
com a tênue luz de teu sorriso,
com o milagre de teu nome
em minha boca.
Me presenteia com a humidade de teus beijos,
com o suave manto de teus braços,
com o mar enfurecido de teu corpo
junto ao meu.
Me presenteia com o amanhecer de tuas paixões,
com o frágil espelho de tuas chuvas,
com tua inocência feita mulher
por minhas carícias.
Me presenteia com teu amor,
amor,
e que venha a noite.
quarta-feira, 22 de maio de 2013
Maria Helena Guimaraes // PERDI....
.
PERDI
Perdi o caminho
para as coisas simples.
Aquele golpe de asa
que me fazia sonhar,
que entendia a flor,
o pôr-do-sol e o mar,
o rocio da manhã,
a calidez de Setembro,
um sorriso doce,
um olhar claro
e o calor da lareira
à noite, em Dezembro.
Perdi o caminho
para as coisas simples.
esse trilho estreito
que sobe na escarpa,
que trepamos sem medo,
alegres, sem jeito.
O rir cristalino
Que explode na alma
O abandono ao sentimento,
o viver do momento,
amar pelo amor
entregue inocente,
colhendo-o sem dor.
Perdi o caminho
Para as coisas simples!!
Maria Helena Guimarães
Perdi o caminho
para as coisas simples.
Aquele golpe de asa
que me fazia sonhar,
que entendia a flor,
o pôr-do-sol e o mar,
o rocio da manhã,
a calidez de Setembro,
um sorriso doce,
um olhar claro
e o calor da lareira
à noite, em Dezembro.
Perdi o caminho
para as coisas simples.
esse trilho estreito
que sobe na escarpa,
que trepamos sem medo,
alegres, sem jeito.
O rir cristalino
Que explode na alma
O abandono ao sentimento,
o viver do momento,
amar pelo amor
entregue inocente,
colhendo-o sem dor.
Perdi o caminho
Para as coisas simples!!
Maria Helena Guimarães
Fátima Porto // TENHO SAUDADES
TENHO SAUDADES
Tenho saudades dos sonhos vividos
E de outros tantos não passados,
Sendo apenas promessas
Tenho saudades dos beijos dados
Mas também roubados,
E d’um amor que nasceu em mim
Tenho saudades de tudo que escrevo,
Sobre nossa história d’amor,
Até do que ainda não escrevi
Tenho saudades das palavras não ditas
Mas lidas pelo coração
No calor d’um abraço
Tenho saudades de ti…
Fátima Porto
Texto registado e protegido pelo IGAC
Tenho saudades dos sonhos vividos
E de outros tantos não passados,
Sendo apenas promessas
Tenho saudades dos beijos dados
Mas também roubados,
E d’um amor que nasceu em mim
Tenho saudades de tudo que escrevo,
Sobre nossa história d’amor,
Até do que ainda não escrevi
Tenho saudades das palavras não ditas
Mas lidas pelo coração
No calor d’um abraço
Tenho saudades de ti…
Fátima Porto
Texto registado e protegido pelo IGAC
terça-feira, 21 de maio de 2013
William Butler Yeats // William Butler Yeats ( Quando fores velha...)
William Butler Yeats
When you are old and grey and full of sleep,
Ad nodding by the fire, take down this book,
And slowly read, and dream of the soft look
Your eyes had once, and of their shadows deep
How
many loved your moments of glad grace,
And loved your beauty with love false or true,
But one man loved the pilgrim soul in you,
And loved the sorrows of your changing face;
And loved your beauty with love false or true,
But one man loved the pilgrim soul in you,
And loved the sorrows of your changing face;
And
bending down beside the glowing bars,
Murmur, a little sadly, how Love fled
And paced upon the mountains overhead
And hid his face amid a crowd of stars.
Murmur, a little sadly, how Love fled
And paced upon the mountains overhead
And hid his face amid a crowd of stars.
Quando fores velha
Quando fores velha, cabelos grisalhos e com sono,
Pega este livro: junto ao fogo, a cochilar,
E lê suavemente e sonha em profundas sombras
Sonha, sonha com o teu antigo e suave olhar.
Pega este livro: junto ao fogo, a cochilar,
E lê suavemente e sonha em profundas sombras
Sonha, sonha com o teu antigo e suave olhar.
Muitos amaram teus momentos de alegria e graça,
E te amaram a beleza de um amor sincero ou falso;
Só um homem amou tua alma peregrina em ti,
E adorava as mudanças de teu rosto a cada passo
E te amaram a beleza de um amor sincero ou falso;
Só um homem amou tua alma peregrina em ti,
E adorava as mudanças de teu rosto a cada passo
E inclinando-se junto à grade brilhante,
Murmurou uma pequena prece como o amor fugiu
E caminhou montanha acima, a subir em frente,
E o rosto numa multidão de estrelas encobriu.
Murmurou uma pequena prece como o amor fugiu
E caminhou montanha acima, a subir em frente,
E o rosto numa multidão de estrelas encobriu.
domingo, 19 de maio de 2013
De ; Gamoneda /// Amor...
Minha
maneira de amar-te é simples:
te aperto contra mim
como se houvesse alguma justiça no meu coração
e que eu te poderia dar com o corpo.
Quando remexo em teus cabelos
algo formoso se forma nas minhas mãos.
E quase não sei mais. Eu só aspiro
a estar contigo em paz e a estar em paz
com um dever desconhecido
que, às vezes, também pesa no meu coração.
te aperto contra mim
como se houvesse alguma justiça no meu coração
e que eu te poderia dar com o corpo.
Quando remexo em teus cabelos
algo formoso se forma nas minhas mãos.
E quase não sei mais. Eu só aspiro
a estar contigo em paz e a estar em paz
com um dever desconhecido
que, às vezes, também pesa no meu coração.
José Luís Peixoto /// Estás tão....
estás tão bonita hoje. quando digo que nasceram
flores novas na terra do jardim, quero dizer
que estás bonita.
entro na casa, entro no quarto, abro o armário,
abro uma gaveta, abro uma caixa onde está o teu fio
de ouro.
entre os dedos, seguro o teu fino fio de ouro, como
se tocasse a pele do teu pescoço.
há o céu, a casa, o quarto, e tu estás dentro de mim.
estás tão bonita hoje.
os teus cabelos, a testa, os olhos, o nariz, os lábios.
estás dentro de algo que está dentro de todas as
coisas, a minha voz nomeia-te para descrever
a beleza.
os teus cabelos, a testa, os olhos, o nariz, os lábios.
de encontro ao silêncio, dentro do mundo,
estás tão bonita é aquilo que quero dizer.
José Luís Peixoto
estás tão bonita hoje. quando digo que nasceram
flores novas na terra do jardim, quero dizer
que estás bonita.
entro na casa, entro no quarto, abro o armário,
abro uma gaveta, abro uma caixa onde está o teu fio
de ouro.
entre os dedos, seguro o teu fino fio de ouro, como
se tocasse a pele do teu pescoço.
há o céu, a casa, o quarto, e tu estás dentro de mim.
estás tão bonita hoje.
os teus cabelos, a testa, os olhos, o nariz, os lábios.
estás dentro de algo que está dentro de todas as
coisas, a minha voz nomeia-te para descrever
a beleza.
os teus cabelos, a testa, os olhos, o nariz, os lábios.
de encontro ao silêncio, dentro do mundo,
estás tão bonita é aquilo que quero dizer.
José Luís Peixoto
sábado, 18 de maio de 2013
Eugenio de Andrade // Na orla do mar
Na orla do mar,
no rumor do vento,
onde esteve a linha
pura do teu rosto
ou só pensamento
- e mora, secreto,
intenso, solar,
todo o meu desejo -
aí vou colher
a rosa e a palma.
Onde a pedra é flor,
onde o corpo é alma.
Eugénio de Andrade
sexta-feira, 17 de maio de 2013
De : Joaquim Pessoa
Há pequenas aves que têm raízes nas palavras,
essas palavras que não ficaram arrumadas com decência
na literatura,
palavras de amantes sem amor, gente que sofre
e a quem falta o ar quando faltam as palavras.
Quando digo o teu nome há uma ave que levanta vôo
como se tivesse nascido o dia e uma brisa encarcerada
nas amêndoas
se soltasse para a impelir para o mais frio, para o mais alto,
para o mais azul.
Quando volto para casa o teu nome vai comigo
e ao mesmo tempo espera-me já numa casa construída
com dois nomes
como se tivesse duas frentes, uma para a montanha, outra
para o mar.
Por vezes dou-te o meu nome e fico com o teu,
espreito então por janelas de onde se vêem coisas que
nunca antes tinha visto,
coisas que adivinhava mas que não sabia,
coisas que sempre soube mas que nunca quis olhar.
Nessas alturas o meu nome é o teu olhar, e os meus olhos
são justamente a pronúncia do teu nome que se diz
com um pequeno brilho molhado, um som pequeno
como um roçagar de asas
dessas aves que constroem o ninho na folhagem da fala
e criam raízes fundas nas palavras vulgares
que os vulgares amantes engrandecem
quando falam de amor.
quinta-feira, 16 de maio de 2013
De Alexandra
Há pequenas aves que têm raízes nas palavras, essas palavras que não ficam arrumadas com decência na literatura, palavras de amantes sem amor, gente que sofre e a quem falta o ar quando faltam as palavras. Quando digo o teu nome há uma ave que levanta voo como se tivesse nascido o dia e uma brisa
encarcerada nas amêndoas se soltasse para a impelir
para o mais frio, para o mais alto, para o mais azul.
Quando volto para casa o teu nome vai comigo
e ao mesmo tempo espera-me já
numa casa construída com dois nomes,
como se tivesse duas frentes,
uma para a montanha e outra para o mar.
Por vezes dou-te o meu nome e fico com o teu,
espreito então pelas janelas de onde
se vêem coisas que nunca antes tinha visto,
coisas que adivinhava mas que não sabia,
coisas que sempre soube mas que nunca quis olhar.
Nessas alturas o meu nome é o teu olhar,
e os meus olhos são justamente a pronúncia do
teu nome que se diz com um pequeno brilho molhado,
um som pequeno como um roçagar de asas
dessas aves que constroem o ninho na folhagem da fala
e criam raízes fundas nas palavras vulgares
que os vulgares amantes engrandecem
quando falam de amor.
quarta-feira, 15 de maio de 2013
Alexandra /// Momento....
bebo o teu sorriso lentamente
como delícia proibida
que sacia meu ser inquieto
sou cúmplice desse olhar
a trilhar-me a pele
como dedos atrevidos
a acordar-me anseios
que incendeiam meu corpo
subitamente liberto
subitamente embriagado de ti
e então desvendas-me a alma
como pássaro rasgando o céu
Não vou pôr-te flores de laranjeira no cabelo
Não vou pôr-te flores de laranjeira no cabelo
nem fazer explodir a madrugada nos teus olhos.
Eu quero apenas amar-te lentamente
como se todo o tempo fosse nosso
como se todo o tempo fosse pouco
como se nem sequer houvesse tempo.
Soltar os teus seios.
Despir as tuas ancas.
Apunhalar de amor o teu ventre.
Joaquim Pessoa
Foto:Volk56
terça-feira, 14 de maio de 2013
De : Nuno Júdice //// Sigo o movimento dos teus olhos
.
Sigo o movimento dos teus olhos
no livro que seguras,
e vais descobrindo ao mesmo tempo
que eu. O que sentes? Que
sonhos inundam a tua cabeça, quando
uma palavra ocupa toda a página, e te
obriga a parar a meio de um
um parágrafo? Ou de que te lembras,
quando voltas atrás, e me fazes reler
a frase por onde eu passara, sem ter
visto o que me dizes? Explicas-me
que este livro é a tua vida; mas
a tua vida também é um livro, digo-te,
quando o deixas cair para o chão,
e me deixas ler pelas linhas da tua mão.
Sigo o movimento dos teus olhos
no livro que seguras,
e vais descobrindo ao mesmo tempo
que eu. O que sentes? Que
sonhos inundam a tua cabeça, quando
uma palavra ocupa toda a página, e te
obriga a parar a meio de um
um parágrafo? Ou de que te lembras,
quando voltas atrás, e me fazes reler
a frase por onde eu passara, sem ter
visto o que me dizes? Explicas-me
que este livro é a tua vida; mas
a tua vida também é um livro, digo-te,
quando o deixas cair para o chão,
e me deixas ler pelas linhas da tua mão.
Um sorriso...um olhar...um abraço apertado!!!!!!!!srsrsr
domingo, 12 de maio de 2013
Fernando Pessoa /// AMOR AMIGO
Quero ser o teu amor amigo. Nem demais e nem de menos. Nem tão longe e nem tão perto. Na medida mais precisa que eu puder. Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida, Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
Sem falar, quando for hora de calar.
E sem calar, quando for hora de falar.
Nem ausente, nem presente por demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amor amigo, mas confesso é tão difícil aprender!
E por isso eu te suplico paciência.
Vou encher este teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias...
Fernando Pessoa
Sophia de Mello Breyner Andersen /// "" MAR ""
Mar, metade da minha alma é feita de maresia
Pois é pela mesma inquietação e nostalgia,
Que há no vasto clamor da maré cheia,
Que nunca nenhum bem me satisfez.
E é porque as tuas ondas desfeitas pela areiaMais fortes se levantam outra vez,
Que após cada queda caminho para a vida,
Por uma nova ilusão entontecida.
E se vou dizendo aos astros o meu mal
É porque também tu revoltado e teatral
Fazes soar a tua dor pelas alturas.
E se antes de tudo odeio e fujo
O que é impuro, profano e sujo,
É só porque as tuas ondas são puras.
sábado, 11 de maio de 2013
são reis //// Hoje....
um abraço daqueles que confortam a alma
e nos fazem mexer todos os músculos do corpo...
que nos fazem corar de tanto nos apertarem
que fazem tremer a pele
e ranger os ossos...
..um abraço do tamanho da saudade que tenho
do tamanho do que vejo
do tamanho do que abraço
do tamanho do que sonho
e não do tamanho do que visto e calço
Hoje queria apenas um abraço!
um abraço que não fosse nó,
mas fosse um laço!
são reis
sexta-feira, 10 de maio de 2013
EUGÉNIO DE ANDRADE /// TU ÉS A ESPERANÇA, A MADRUGADA
Tu és a esperança, a madrugada.
Nasceste nas tardes de Setembro,
quando a luz é perfeita e mais dourada,
e há uma fonte crescendo no silêncio
da boca mais sombria e mais fechada.
Para ti criei palavras sem sentido,
inventei brumas, lagos densos,
e deixei no ar braços suspensos
ao encontro da luz que anda contigo.
Tu és a esperança onde deponho
meus versos que não podem ser mais nada.
Esperança minha, onde meus olhos bebem,
fundo, como quem bebe a madrugada.
in AS MÃOS E OS FRUTOS (Linear, 1977),
in POESIA DE EUGÉNIO DE ANDRADE
(Modo de Ler, 2011)
quinta-feira, 9 de maio de 2013
Natalia Correia /// Creio nos anjos que andam pelo mundo
creio nos anjos que andam pelo mundo,
creio na deusa com olhos de diamantes,
creio em amores lunares com piano ao fundo,
creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes;
creio num engenho que falta mais fecundo
de harmonizar as partes dissonantes,
creio que tudo é eterno num segundo,
creio num céu futuro que houve dantes,
creio nos deuses de um astral mais puro,
na flor humilde que se encosta ao muro,
creio na carne que enfeitiça o além,
creio no incrível, nas coisas assombrosas,
na ocupação do mundo pelas rosas,
creio que o amor tem asas de ouro. amém.
Natalia Correia
quarta-feira, 8 de maio de 2013
De : Alberto Caeiro
O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo,
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.
Alberto Caeiro
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo,
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.
Alberto Caeiro
DORA GURFINKEL & LÍLIA TAVARES TRAVESSURA-I
Um dia tentei como criança uma travessura:
Atravessei a minha vida e, como ave,
como vento, varri com a memória
e passei, como pela primeira vez e só
para o outro passeio da rua.
Reconheci-me.
Era eu, num barco feito de asas,
qual imagem nova e nua.
Reconheci-te.
Eras tu, tripulante, marinheiro,
concha côncava que me recebias
como pérola a desvendar.
Numa noite de pequenas ondas
em que o mar beijava os nossos lábios,
senti-me perto, aconchegada e plena,
quase anémona, quase coral,
Sou demoradamente tua!
segunda-feira, 6 de maio de 2013
domingo, 5 de maio de 2013
CARLOS EDUARDO LEAL /// UMA CARTA AO CAIR DA TARDE
UMA CARTA AO CAIR DA TARDE
meu amor
O oceano não precisa das suas lágrimas
para ficar mais salgado.
Nem os céus nem as estrelas ficarão
mais luminosos
do que o brilho dos teus olhos.
mas a minha vida ficará mais deserta
sem o aconchego dos teus abraços
e o suspiro melancólico da tua voz
em meus ouvidos.
Portanto, não se esqueça de que
o oceano sempre toca o céu no
infinito das paixões,
assim como eu infinitamente enlaço
o corpo da tua alma
despudoradamente através do erotismo
que brota ávido
no corpo das minhas palavras.
CARLOS EDUARDO LEAL, in A SEDE DA MULHER
(E DE UM HOMEM), (editado no Brasil, s/ data)
Clarice Lispector /// Há Momentos
Há momentos na vida em que sentimos tanto
a falta de alguém que o que mais queremos
é tirar esta pessoa de nossos sonhos
e abraçá-la.
Sonhe com aquilo que você quiser.
Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que se quer.
Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.
As pessoas mais felizes
não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor
das oportunidades que aparecem
em seus caminhos.
A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passam por suas vidas.
O futuro mais brilhante
é baseado num passado intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida
quando perdoar os erros
e as decepções do passado.
A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar
duram uma eternidade.
A vida não é de se brincar
porque um belo dia se morre.
Clarice Lispector
Há momentos na vida em que sentimos tanto
a falta de alguém que o que mais queremos
é tirar esta pessoa de nossos sonhos
e abraçá-la.
Sonhe com aquilo que você quiser.
Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que se quer.
Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.
As pessoas mais felizes
não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor
das oportunidades que aparecem
em seus caminhos.
A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passam por suas vidas.
O futuro mais brilhante
é baseado num passado intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida
quando perdoar os erros
e as decepções do passado.
A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar
duram uma eternidade.
A vida não é de se brincar
porque um belo dia se morre.
Clarice Lispector
sábado, 4 de maio de 2013
Maria do Rosário Pedreira //// Esta manhã encontrei o teu nome
Esta manhã encontrei o teu nome nos meus sonhos
e o teu perfume a transpirar na minha pele. E o corpo
doeu-me onde antes os teus dedos foram aves
de Verão e a tua boca deixou um rasto de canções.
No abrigo da noite, soubeste ser o vento na minha
camisola; e eu despi-a para ti, a dar-te um coração
que era o resto da vida - como um peixe respira
na rede mais exausta. Nem mesmo à despedida
foram os gestos contundentes: tudo o que vem de ti
é um poema. Contudo, ao acordar, a solidão sulcara
um vale nos cobertores e o meu corpo era de novo
um trilho abandonado na paisagem. Sentei-me na cama
e repeti devagar o teu nome, o nome dos meus sonhos,
mas as sílabas caíam no fim das palavras, a dor esgota
as forças, são frios os batentes nas portas da manhã.
Maria do Rosário Pedreira
Eugénio de Andrade /// A Paixão
Levanto a custo os olhos da página;
ardem;
ardem cegos de tanta neve.
Faz dó esta paixão pelo silêncio,
pelo sussurro do silêncio,
pelo ardor
do silêncio que só os dedos adivinham.
Cegos, também.
Eugénio de Andrade
sexta-feira, 3 de maio de 2013
David Mourão Ferreira // Paraíso
Deixa ficar comigo a madrugada,
para que a luz do Sol me não constranja.
Numa taça de sombra estilhaçada,
deita sumo de lua e de laranja.
Arranja uma pianola, um disco, um posto,
onde eu ouça o estertor de uma gaivota...
Crepite, em derredor, o mar de Agosto...
E o outro cheiro, o teu, à minha volta!
Depois, podes partir. Só te aconselho
que acendas, para tudo ser perfeito,
à cabeceira a luz do teu joelho,
entre os lençóis o lume do teu peito...
Podes partir. De nada mais preciso
para a minha ilusão do Paraíso.
David Mourão-Ferreira
FLORBELA ESPANCA, NOITE DE SAUDADE
A noite vem poisando devagar
Sobre a Terra,que inunda de amargura...
E nem sequer a bênção do luar
A quis tornar divinamente pura...
Ninguém vem atrás dela a acompanhar
A sua dor que é cheia de tortura...
E eu oiço a Noite imensa soluçar!
E eu oiço soluçar a Noite escura!
Por que és assim tão'scura,assim
tão triste?!
É que,talvez,o Noite,em ti existe
Uma saudade igual à que eu contenho!
Saudade que eu sei donde me vem...
Talvez de ti, ó Noite!...
Ou de ninguém!...
Que eu nunca sei quem sou,
nem o que tenho!!
in LIVRO DE MÁGOAS (1919),
in SONETOS (Ediclube, 1995)
FLORBELA ESPANCA
quinta-feira, 2 de maio de 2013
quarta-feira, 1 de maio de 2013
Angela Lara /// Meu grito
Hoje me deu vontade de gritar bem alto
minha saudade
minhas mil fases de desilusão
Só hoje eu queria te falar sobre tudo
...por onde andei
...o que senti
o tanto que me esvaziei
Queria poder dizer
olhando dentro dos teus olhos
o quanto eu morri por dentro
o quanto eu te chamei
e você, em nenhum momento
pensou um minuto no meu sentimento
como se tudo fosse uma brincadeira
como se não valesse a pena
Você sabe que compreendo tudo
você sempre soube
Mas hoje
especialmente hoje
preciso desabafar
quero gritar minhas inverdades
sujar esta compreensão milenar
e ao mesmo tempo
te mostrar mais uma vez
que não me encontrei em nenhum abraço
que nenhum olhar me disse nada
que nenhuma boca me provou coisa nenhuma
que nenhum coração me mereceu
que nenhum contato real me fez sentir viva
que nenhuma palavra atingiu minha alma
e nenhuma promessa
foi tão verdadeira quanto a tua
Porque na verdade
nada e nem ninguém me interessa
Porque na verdade
morro de saudade do teu carinho...
Angela Lara
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