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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

...Meditação.................vê lá tu....


Às vezes, quando a noite vem caindo,
Tranquilamente, sossegadamente,
Encosto-me à janela e vou seguindo
A curva melancólica do Poente.

Não quero a luz acesa. Na penumbra,
Pensa-se mais e pensa-se melhor.
A luz magoa os olhos e deslumbra,
E eu quero ver em mim, ó meu amor!

Para fazer exame de consciência
Quero silêncio, paz, recolhimento
Pois só assim, durante a tua ausência,
Consigo libertar o pensamento.

Procuro então aniquilar em mim,
A nefasta influência que domina
Os meus nervos cansados; mas por fim,
Reconheço que amar-te é minha sina.

Longe de ti atrevo-me a pensar
Nesse estranho rigor que me acorrenta:
E tenho a sensação do alto mar,
Numa noite selvagem de tormenta.

Tens no olhar magias de profeta
Que sabe ler no céu, no mar, nas brasas...
Adivinhas... Serei a borboleta
Que vendo a luz deixa queimar as asas.

No entanto — vê lá tu!— Eu não lamento
Esta vontade que se impõe à minha...
Nem me revolto... cedo ao encantamento...
— Escrava que não soube ser Rainha!


Fernanda de Castro

3 comentários:

Amor disse...

OH,CONDE QUÃO BELO ENTRE OS BELOS POEMAS ESCOLHESTES...AGRADECIDA POR COMPARTILHAR UM BJO DO MAR DE CÁ BJS!

Feiticeira disse...

HUM!!!!

As vezes a mulher não consegue ser Rainha, mas nem por isso quer ser escrava
Quer ser apenas, MULHER

Beijinhos, bom final de semana

*Mi§§ §impatia* disse...

Acho que vc leu minha mente rs
Hoje estou num dia de profunda meditação...rss
Lindo fim de semana, beijos.