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domingo, 31 de outubro de 2010

..teu corpo....





Mujer de estío

Jorge Carrera Andrade

Tu cuerpo está hecho de frutas,
exprimes en la noche un olor a duraznos.
Tu beso va por mi garganta
hasta mi corazón, como el agua de un caño.
Tiembla toda mi piel con tu caricia
como al soplo de Dios las alfalfas del campo.
Eres una bandeja de frutas
puesta todos los días a orillas de mis labios.

Mulher de verão

Teu corpo é feito de frutas,
exprimes na noite um odor de pêssegos.
Teu beijo desce por minha garganta
até o meu coração, como a água de um cano.
Treme toda a minha pele com tua carícia
como o sopro de Deus faz aos trigos do campo.
És uma bandeja de frutas
Posta todos os dias à beira dos meus lábios.



sábado, 30 de outubro de 2010

De : mia couto..... poeta


Medo tenho é de ser enterrado sem história!

verdade......






Gustavo Adolfo Bécquer

Como en un libro abierto
leo de tus pupilas en el fondo.
¿A qué fingir el labio
risas que se desmienten con los ojos?
¡Llora! No te avergüences
de confesar que me quisiste un poco.
¡Llora! Nadie nos mira.
Ya ves; yo soy un hombre... y también lloro.

X

Como um livro aberto
Eu li no fundo dos teus olhos.
Por que fingir os lábios
os risos que o olhar desmente?
Chora! Não te envergonhes
de confessar que me quisestes um pouco.
Chora! Ninguém nos olha.
Veja, eu sou um homem ... e também choro.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

...noites...................


Vamos abrir a noite
com música de Jazz
Vamos abrir a noite
Percorrê-la depois
num barco de borracha
Enforcar a memória
Celebrar o segredo
Descobrir de repente
Uma ilha que nasce dentro
do teu vestido
Chamar-lhe madrugada
Adormecer contigo

David Mourão Ferreira

....Amen....................



Que nada nos limite...
Que nada nos defina...
Que nada nos sujeite...
Que a liberdade seja
a nossa própria substância...
Simone Beauvoir

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

...Puro e sem gelo......................deu-me para isto hoje...


Bebo-te, igual vinho
doce e igualmente profano
cálice de vida,
fervente, contagiante e decadente
sabor de pecado
aroma de paixão
cor de vento descontrolado.

Bebo-te, igual vicio
lágrima seca
poesia dos instantes
desejo, inquietude, pura tentação
embriagada me entrego
sou tua frase e destino.
Escorres em mim. Morro...em ti.

B´Noite....me desculpem os/as mais puritanos. Roubei de um blog...


Todas as noites me acaricio
com os teus dedos,
fecho os olhos e sugo os teus dedos
sob o contorno dos meus
e conduzo-te pelo meu corpo
como tu me conduzias.
.
Todas as noites
tu entras em mim por todas as portas,
a tua língua silenciosa
desperta vertigens desconhecidas
nas partes secretas das minhas orelhas
e dos meus pés.
(…)
Todas as noites
os teus dentes mordem
o meu pescoço
no sitio exacto em que o meu corpo
guardava a última fechadura,
.
Todas as noites
volto a subir a esse monte
dos vendavais só nosso.
.
Inês Pedrosa

...quem...............????

A MASCARA
 A MASCARA
Descrição:

Quem de nós tem a coragem

de aceitar a sua imagem,

aquela imagem sem graça,

sem rasgos, imagem baça

que o espelho teima em reflectir?

Quem de nós tem a ousadia,

no viver do dia a dia,

de retirar a mordaça

gritando ao vento que passa

o seu interno sentir?

Quem deixa cair a máscara?

Fantasia construída

de cada um para si.

Máscara de Rei, de Profeta,

de intelectual, de poeta,

de homem muito importante

que não esquece a cada instante

o gesto, o sorrir conveniente,

a vénia subserviente,

que nunca o desmascara.

Quem deixa cair a máscara?



De: Helena Guimarães

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

..vem...................

PERDIDA
 PERDIDA
Descrição:

PERDIDA

Vem…

Dá-me a tua mão.
Plano no infinito,

minhas asas

adejam na bruma do horizonte,

perla-se-me a fronte

de gotas de impotência.

Voo sem rumo

no sol que se reflecte no mar

sem encontrar o universo.

Esta incapacidade de um verso!

Este voar na fímbria das coisas!

Onde está minha nau

e meu sextante?

Perdi-me de ti.

O sol viaja para poente,

tudo tem regra, tudo é consequente.

Eu adejo as asas

Misturadas com a bruma

sem seguir coisa nenhuma.

E percorro de memória

o teu seu ausente.



De: Helena Guimarães

terça-feira, 26 de outubro de 2010

NÃO QUERO AMAR-TE
 NÃO QUERO AMAR-TE
Descrição:

Não!! Não quero amar-te.

Não posso amar-te!

Mas és sol

do meu pensamento,

em ti a cada momento.

Lua das frias noites,

abraço

na minha solidão

de todos acompanhada,

sem norte, sem sul,

sem nada,

básicos seres

nesta imensidão

sem fim.

Não quero amar-te!

Seria o meu holocausto

na ara do teu corpo,

tua alma.

Meu ser no teu absorto,

ali, em êxtase, subjugado,

à espera, num soluço,

do teu beijo desejado.

Não! Não quero amar-te!

Mas a minha fantasia

segue os teus passos

no cumprir do dia a dia,

despe-te a roupa

suga-te o sexo

lambe-te o beijo,

colhe-te o abraço

como um pedaço

de mim!!

H.G. Novembro2002

.e eu estou em ti.....

Um poema exemplar



Um poema exemplar: em linhas como:
«Cidade, rumor e vaivém sem paz das ruas,
Ó vida suja, hostil, inutilmente gasta,
Saber que existe o mar e existem praias nuas,
Montanhas sem nome e planícies mais vastas
Que o mais vasto desejo,
E eu estou em ti fechada e apenas vejo
Os muros e as paredes e não vejo
Nem o crescer do mar nem o mudar das luas.
Saber que tomas em ti a minha vida
E que arrastas pela sombra das paredes
A minha alma que fora prometida
Às ondas brancas e às florestas verdes»

Sophia de Mello Breyner Andresen


segunda-feira, 25 de outubro de 2010

...tão alheia que......

Que música escutas tão atentamente



Que música escutas tão atentamente
que não dás por mim?
Que bosque, ou rio, ou mar?
Ou é dentro de ti
que tudo canta ainda?
Queria falar contigo,
dizer-te apenas que estou aqui,
mas tenho medo,
medo que toda a música cesse
e tu não possas mais olhar as rosas.
Medo de quebrar o fio
com que teces os dias sem memória.
Com que palavras
ou beijos ou lágrimas
se acordam os mortos sem os ferir,
sem os trazer a esta espuma negra
onde corpos e corpos se repetem,
parcimoniosamente, no meio de sombras?
Deixa-te estar assim,
ó cheia de doçura,
sentada, olhando as rosas,
e tão alheia
que nem dás por mim.

Eugénio de Andrade

sábado, 23 de outubro de 2010

..quero eu dizer.....

Há dias



Há dias em que julgamos
que todo o lixo do mundo
nos cai em cima
depois ao chegarmos à varanda avistamos
as crianças correndo no molhe
enquanto cantam
não lhes sei o nome
uma ou outra parece-me comigo
quero eu dizer :
com o que fui
quando cheguei a ser luminosa
presença da graça
ou da alegria
um sorriso abre-se então
num verão antigo
e dura
dura ainda.

Eugénio de Andrade

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

...Meditação.................vê lá tu....


Às vezes, quando a noite vem caindo,
Tranquilamente, sossegadamente,
Encosto-me à janela e vou seguindo
A curva melancólica do Poente.

Não quero a luz acesa. Na penumbra,
Pensa-se mais e pensa-se melhor.
A luz magoa os olhos e deslumbra,
E eu quero ver em mim, ó meu amor!

Para fazer exame de consciência
Quero silêncio, paz, recolhimento
Pois só assim, durante a tua ausência,
Consigo libertar o pensamento.

Procuro então aniquilar em mim,
A nefasta influência que domina
Os meus nervos cansados; mas por fim,
Reconheço que amar-te é minha sina.

Longe de ti atrevo-me a pensar
Nesse estranho rigor que me acorrenta:
E tenho a sensação do alto mar,
Numa noite selvagem de tormenta.

Tens no olhar magias de profeta
Que sabe ler no céu, no mar, nas brasas...
Adivinhas... Serei a borboleta
Que vendo a luz deixa queimar as asas.

No entanto — vê lá tu!— Eu não lamento
Esta vontade que se impõe à minha...
Nem me revolto... cedo ao encantamento...
— Escrava que não soube ser Rainha!


Fernanda de Castro

..estive sempre......e ás tantas....

À beira de água



Estive sempre sentado nesta pedra
escutando, por assim dizer, o silêncio.
Ou no lago cair um fiozinho de água.
O lago é o tanque daquela idade
em que não tinha o coração
magoado. (Porque o amor, perdoa dizê-lo,
dói tanto! Todo o amor. Até o nosso,
tão feito de privação.) Estou onde
sempre estive: à beira de ser água.
Envelhecendo no rumor da bica
por onde corre apenas o silêncio.

Eugénio de Andrade

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Dum grande poeta brasileiro. SAUDADES.....




Nas horas mortas da noite
Como é doce o meditar
Quando as estrelas cintilam
Nas ondas quietas do mar;
Quando a lua majestosa
Surgindo linda e formosa,
Como donzela vaidosa
Nas águas se vai mirar!

Nessas horas de silêncio
De tristezas e de amor,
Eu gosto de ouvir ao longe,
Cheio de magoa e de dor,
O sino do campanário
Que fala tão solitário
Com esse som mortuário
Que nos enche de pavor.

Então - Proscrito e sozinho -
Eu solto aos ecos da serra
Suspiros dessa saudade
Que no meu peito se encerra
Esses prantos de amargores
São prantos cheios de dores:
Saudades - Dos meus amores
Saudades - Da minha terra!


Casimiro de Abreu

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

ela tem o erotismo dos anjos.....

Minha mulher



A minha mulher
tem mistério insondável,
recato impenetrável
aos olhos voyeurs.

A minha mulher,
tem uma nudez invisível
e um olhar transparente
só para o que quer.

A minha mulher
tem o encanto das fadas
e a magia das bruxas
quando estamos em nós.

Ela sabe fazer-se inteira
nunca está em pedaços
sabe todas perícias
atar e soltar nossos nós.

Nela, o meu corpo presente
é mais do que tudo,
do eterno, um estudo,
quando estamos a sós.

Ela tem a magia dos celtas,
obtém a têmpera correta,
de traz-nos o instante
de toda eternidade.

Ela tem o erotismo dos anjos
o silêncio dos sábios
ao dizer o que é
ser a minha mulher.

Calex Fagundes

Foto:Hataiiia Hataiiia

De. Francesc puigcarbó




Viajar



Viajar, viajar siempre,
no ser de ningún sitio
ni de ningún lugar,
sin vínculos de ningún tipo y
evadir-me así de todo.
Vivir dentro de un mundo
imaginario donde olvidar-me de la difícil
y dura realidad.
Y volar, volar como un pájaro,
marchando muy lejos
más lejos de más allá,
hasta que agotado,
cuando las alas dijeran basta,
dejarme caer en un abismo profundo infinito.

Viajar

Viajar, viajar sempre
Não ser de nenhum local,
De nenhum lugar,
Sem vínculos de nenhum tipo,
Evadir-me assim de tudo.
Viver dentro de um mundo
Imaginário onde possa me esquecer da difícil
E dura realidade.
E voar, voar como um pássaro,
Subindo muito alto,
Muito mais alto que o mais alto possível,
Até que esgotado,
Quando as asas disserem basta,
Possa me deixar cair num abismo profundo infinito.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

..poema de uma das maiores poetisas portuguesas

Terça-feira, Outubro 19, 2010

Poema destinado a haver domingo



Bastam-me as cinco pontas de uma estrela
E a cor dum navio em movimento
E como ave, ficar parada a vê-la
E como flor, qualquer odor no vento.

Basta-me a lua ter aqui deixado
Um luminoso fio de cabelo
Para levar o céu todo enrolado
Na discreta ambição do meu novelo.

Só há espigas a crescer comigo
Numa seara para passear a pé
Esta distância achada pelo trigo
Que me dá só o pão daquilo que é.

Deixem ao dia a cama de um domingo
Para deitar um lírio que lhe sobre.
E a tarde cor-de-rosa de um flamingo
Seja o tecto da casa que me cobre

Baste o que o tempo traz na sua anilha
Como uma rosa traz Abril no seio.
E que o mar dê o fruto duma ilha
Onde o Amor por fim tenha recreio.

Natália Correia

Imagem retirada do Google

...leio-te..............



Leio-te: — o pranto dos meus olhos rola:
— Do seu cabelo o delicado cheiro,
Da sua voz o timbre prazenteiro,
Tudo do livro sinto que se evola ...

Todo o nosso romance: - a doce esmola
Do seu primeiro olhar, o seu primeiro
Sorriso, - neste poema verdadeiro,
Tudo ao meu triste olhar se desenrola.

Sinto animar-se todo o meu passado:
E quanto mais as páginas folheio,
Mais vejo em tudo aquele vulto amado.

Ouço junto de mim bater-lhe o seio,
E cuido vê-Ia, plácida, a meu lado,
Lendo comigo a página que leio.


Olavo Bilac


Leio o amor no livro......

segunda-feira, 18 de outubro de 2010




Todo de todo, nada de nada

Carlos Gargallo

No me quedan ya más noches para arder
ni canto en la garganta
(ni silbido mudo siquiera).

Nada, nada.

¿Como podré decirle a mi hijo
cuanto pude haberlo querido,
como, si no llegó nunca a nacer...?

Todo aquello que amé
se fue cayendo por la borda de la vida,
toda injusticia,
amaneció en mi cama cada mañana...

Cada vez que escribo un verso para amar,
confundido
me atraganto con sus esquirlas.

!Ah!, si todo fuera tan sencillo
como dicen los poetas que escriben poemas de amor,
este mundo dejaría de llorar...

menos yo.


Tudo de tudo, nada de nada

Eu não tenho mais noites para arder
nem canto na garganta
(nem assobio mudo sequer.)

Nada, nada.

Como posso dizer ao meu filho
o quanto pude havê-lo querido,
como, ele nunca chegou a nascer ...?

Tudo aquilo que amei
foi ficando pleos caminhos da vida,
toda a injustiça,
amanheceu na minha cama cada manhã ...

Cada vez que eu escrevo uns versos para amar,
confuso
me atrapalho com as estrofes.

Ah, se tudo fosse tão simples
como dizem os poetas que escrevem poemas de amor
este mundo deixaria de chorar ...

menos eu.

..assim o amor..............




Espantado meu olhar com teus cabelos
Espantado meu olhar com teus cavalos
E grandes praias fluidas avenidas
Tardes que oscilam demoradas
E um confuso rumor de obscuras vidas
E o tempo sentado no limiar dos campos
Com seu fuso sua faca e seus novelos
Em vão busquei eterna luz precisa

Sophia de Mello Breyner Andresen

Imagem retirada do Google

domingo, 17 de outubro de 2010

..porque achei de muito " valor " este escrito de uma mulher ...aí vai





Um facto especial

Ocorre com a mulher depois que ama.
Reparem, estou dizendo:

Depois que ama.
Refiro-me

Ao estado de graça que a envolve

Após o gozo ou gozos

E que perdura

Horas e horas e às vezes dias.
Fica macia

Que nem gata, aos pés do dono.
Mais que gata

Uma pantera doce e íntima.
A sua alma fica lisa

Sem qualquer ruga.
Ela tem vontade

De conversar com as flores

Com os pássaros, com o vento.

Sobretudo

Descobre outro ritmo na sua carne.
Neste período, aliás, o tempo pára.
Em estado de graça

Ela desinteressa-se do calendário.
O dia-a-dia já não a deprime.
É a hora

De uma ociosidade amorosa.
O facto é

Que a mulher nesta atmosfera, sai do trivial.

Agiliza-se

E glorificada, pavoneia-se pela casa.
O homem

Animal desatento, às vezes nem dá conta.
Em geral, nunca dá conta.
Ou dá conta

Nos primeiros minutos, após o acto de amor.

Depois, deixa-se levar pela trivialidade

Deixando-a solitária

Com sua felicidade clandestina.
Os amados deveriam interromper tudo:

Os negócios e almoços

E ficarem ali, prostrados diante delas

Saboreando, todo aquele momento.

Sentindo-as levitar de tanto amar.
Já vi, algumas mulheres assim.
Há uma coisa nas mulheres

Que me embriaga…

Quando atingem o clímax.
É, quando a mulher descerra em si

O que tem de visceralmente fêmea.
As outras mulheres

Percebem isto, e invejam-na.
Os machos

Farejam, e perturbam-se.
É como se estivessem

Num patamar seguro, a contemplar-se.
Contudo

É nesta atmosfera, que se segue

Uma ritual sessão de amor diverso.

Porque ela

Está acariciando, uma imponderável felicidade.
Estou a falar

De um facto, os homens não gozam assim.
O gozo masculino, é mais pontual

E, acaba logo a seguir ao próprio acto.
Só os escolhidos, os de alma feminina

Uma vez por outra, o sentem dentro de si.
Mas, em geral, é diferente.
Terminado o acto

Uns até rolam para o lado e dormem.

Como se tivessem, tirado um fardo das costas.

Outros acendem um cigarro

Vestem as suas ansiedades, e voltam ao trabalho.
É constatável no entanto

Que o homem apaixonado

Também, transmite força, alegria e energia.
Ele oscila entre Alexandre o Grande

E o artista que chegou ao sucesso.

Também brilha…
Mas é diferente.
O gozo feminino, não se esgota no prazer.

Derrama-se em gestos e atenções, por horas e dias a fio.
Freud

Enganou-se várias vezes sobre as mulheres.

Por exemplo:

Colocou equivocadamente aquela questão

De que, a mulher teria inveja do homem

Por este, ser um animal fálico.
Convenhamos:

Invejas, têm (e deveriam ter), os homens

Quando prestam atenção

Ao fenómeno, que ocorre com as mulheres

Que ao serem amadas

Atingem, o luminoso êxtase de si mesmas.

Como se tivessem rompido

Uma escala de medição trivial.

Para lá da barreira

Dos gemidos e amorosos alaridos…
………….

Homens

Cuidem das vossas fêmeas.

Mulheres

Façam-se amar pelos vossos machos.

E se não se importam



autor : desconheço...








sábado, 16 de outubro de 2010

...Porto......................


Não me importa teu nome
nem a cor da terra
que trazes sob teus pés
Não me importa em ti
os vestígios de antigos amores,
o cheiro das noites em claro
que ainda exalas teu corpo
Não me importa tua crença,
teus ritos e mitos,
os sonhos que deixastes intactos
às margens dum outro alguém
Não me importam os rios
que saciaram tua sede
ou a suculência das maçãs
que apaziguaram tua fome
Não me importam os caminhos
que a trouxeram até aqui;
quais pedras e flores te conduziram
Saibas que a mim, meu amor,
nada mais importa
a não ser estes,
que hoje somos,
e aqueles, que um dia seremos
Inda sabendo que assim, sempre fomos
o tempo inteiro

(Marcelo Roque)

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

....Sou..................

A rosa vermelha
Que teu amor espelha...

A borboleta amarela
Do teu jardim em aquarela...

Da tua voz a melodia
Que solfeja em harmonia...

A água do regato,
Do teu corpo o ornato...

Das tuas mãos o calor
Que transmitem fervor...

A luz do teu olhar
Que cintila ao luar...

Da tua pele o aroma
Guardado em uma redoma...

Os versos da poesia
Que te revelam magia...


Mardilê Friedrich Fabre






_ Liberdade, que estais no céu...

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Também o deserto vem



Também o deserto vem
do mar. Não sei em que navio,
mas foi desses lugares
que chegaram ao meu jardim
as palmeiras.
Com o sol das areias
em cada folha,
na coroa o sopro
ainda húmido das estrelas

Eugénio de Andrade

Imagem retirada do Google

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

....Pois quero......




Quero teus beijos
Beijos em forma de poemas,
Daqueles que tudo dizem.

São lábios unidos, gulosos.
Porém de bocas ocupadas,
Pois nada precisam dizer.

Num abraço em forma de laço,
Lábios ávidos se encontram.
Transmitem um misto de sentimentos,
Ternura, paixão, desejo e amor...

Então não diga nada.
Apenas me beije muito, muito.
E assim, com os lábios unidos,
Fazemos um lindo poema de amor.

Então beija-me!


Joe Luigi

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Femina



Não lavei os seios
pois tinham o calor
da tua mão.
Não lavei as mãos
pois tinham os sons
do teu corpo.
Não lavei o corpo
pois tinha os rastros
dos teus gestos;
tinha também, o meu corpo,
a sagrada profanação
do teu olhar
que não lavei.
Nem aqueles lençóis,
não os lavei,
nem os espelhos,
que continuam
onde sempre estiveram:
porque eles nos viram
cúmplices, e a paixão,
no paraíso,
parece que era.
Lavei, sim,
lavei e perfumei
a alma, em jasmim,
que é tua, só tua,
para te esperar
como se nunca tivesses ido
a nenhum lugar:
donde apaguei
todas as ausências
que apaguei
ao teu olhar.

Soares Feitosa

Foto:Yuri Bonder

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Amor é bicho instruído



Amor é bicho instruído
Olha: o amor pulou o muro
o amor subiu na árvore
em tempo de se estrepar.
Pronto, o amor se estrepou.
Daqui estou vendo o sangue
que escorre do corpo andrógino.
Essa ferida, meu bem
às vezes não sara nunca
às vezes sara amanhã.

Carlos Drummond de Andrade




..quero teus beijos....





Quero teus beijos
Beijos em forma de poemas,
Daqueles que tudo dizem.

São lábios unidos, gulosos.
Porém de bocas ocupadas,
Pois nada precisam dizer.

Num abraço em forma de laço,
Lábios ávidos se encontram.
Transmitem um misto de sentimentos,
Ternura, paixão, desejo e amor...

Então não diga nada.
Apenas me beije muito, muito.
E assim, com os lábios unidos,
Fazemos um lindo poema de amor.

Então beija-me!


Joe Luigi


sábado, 9 de outubro de 2010

é verdade ...o sonho..........

Ecloga



Sonhei
contigo embora nenhum sonho
possa ter habitantes, tu a quem chamo
amor, cada ano pudesse trazer
um pouco mais de convicção a
esta palavra. É verdade o sonho
poderá ter feito com que, nesta
rarefacção de ambos, a tua presença se
impusesse - como se cada gesto
do poema te restituísse um corpo
que sinto ao dizer o teu nome,
confundindo os teus
lábios com o rebordo desta chávena
de café já frio. Então, bebo-o
de um trago o mesmo se pode fazer
ao amor, quando entre mim e ti
se instalou todo este espaço -
terra, água, nuvens, rios e
o lago obscuro do tempo
que o inverno rouba à transparência
da fontes. É isto, porém, que
faz com que a solidão não seja mais
do que um lugar comum saber
que existes, aí, e estar contigo
mesmo que só o silêncio me
responda quando, uma vez mais
te chamo.

Nuno Júdice

Foto:Dennis Mecham