Um facto especial
Ocorre com a mulher depois que ama.
Reparem, estou dizendo:
Depois que ama.
Refiro-me
Ao estado de graça que a envolve
Após o gozo ou gozos
E que perdura
Horas e horas e às vezes dias.
Fica macia
Que nem gata, aos pés do dono.
Mais que gata
Uma pantera doce e íntima.
A sua alma fica lisa
Sem qualquer ruga.
Ela tem vontade
De conversar com as flores
Com os pássaros, com o vento.
Sobretudo
Descobre outro ritmo na sua carne.
Neste período, aliás, o tempo pára.
Em estado de graça
Ela desinteressa-se do calendário.
O dia-a-dia já não a deprime.
É a hora
De uma ociosidade amorosa.
O facto é
Que a mulher nesta atmosfera, sai do trivial.
Agiliza-se
E glorificada, pavoneia-se pela casa.
O homem
Animal desatento, às vezes nem dá conta.
Em geral, nunca dá conta.
Ou dá conta
Nos primeiros minutos, após o acto de amor.
Depois, deixa-se levar pela trivialidade
Deixando-a solitária
Com sua felicidade clandestina.
Os amados deveriam interromper tudo:
Os negócios e almoços
E ficarem ali, prostrados diante delas
Saboreando, todo aquele momento.
Sentindo-as levitar de tanto amar.
Já vi, algumas mulheres assim.
Há uma coisa nas mulheres
Que me embriaga…
Quando atingem o clímax.
É, quando a mulher descerra em si
O que tem de visceralmente fêmea.
As outras mulheres
Percebem isto, e invejam-na.
Os machos
Farejam, e perturbam-se.
É como se estivessem
Num patamar seguro, a contemplar-se.
Contudo
É nesta atmosfera, que se segue
Uma ritual sessão de amor diverso.
Porque ela
Está acariciando, uma imponderável felicidade.
Estou a falar
De um facto, os homens não gozam assim.
O gozo masculino, é mais pontual
E, acaba logo a seguir ao próprio acto.
Só os escolhidos, os de alma feminina
Uma vez por outra, o sentem dentro de si.
Mas, em geral, é diferente.
Terminado o acto
Uns até rolam para o lado e dormem.
Como se tivessem, tirado um fardo das costas.
Outros acendem um cigarro
Vestem as suas ansiedades, e voltam ao trabalho.
É constatável no entanto
Que o homem apaixonado
Também, transmite força, alegria e energia.
Ele oscila entre Alexandre o Grande
E o artista que chegou ao sucesso.
Também brilha…
Mas é diferente.
O gozo feminino, não se esgota no prazer.
Derrama-se em gestos e atenções, por horas e dias a fio.
Freud
Enganou-se várias vezes sobre as mulheres.
Por exemplo:
Colocou equivocadamente aquela questão
De que, a mulher teria inveja do homem
Por este, ser um animal fálico.
Convenhamos:
Invejas, têm (e deveriam ter), os homens
Quando prestam atenção
Ao fenómeno, que ocorre com as mulheres
Que ao serem amadas
Atingem, o luminoso êxtase de si mesmas.
Como se tivessem rompido
Uma escala de medição trivial.
Para lá da barreira
Dos gemidos e amorosos alaridos…
………….
Homens
Cuidem das vossas fêmeas.
Mulheres
Façam-se amar pelos vossos machos.
E se não se importam
autor : desconheço...