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terça-feira, 28 de setembro de 2021

Nuno Júdice

 

Photo: Bill Brandt
















No seu ágil corpo 
de gazela correm as sensações 
doentes e as vigílias de 
um prazer antigo. E pede 
que a despertem, que 
a voz do desejo de novo 
a chame e a faça saltar 
muros, colinas e montanhas 
até se encontrar com 
o luminoso horizonte 
de um abraço. E ouve o apelo 
do amado: “Despe-te como os figos 
se despem da sua pele, e 
dá-me o teu fruto para que 
o saboreie até ao fundo.” 
Então, oferece-lhe a sua boca 
para que nela se cumpra
a promessa de uma flor.


Nuno Júdice

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