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sábado, 25 de setembro de 2021

Fernando Pessoa

 Tudo quanto sonhei tenho perdido

Antes de o ter.
Um verso ao menos fique do inobtido,
Música de perder.
Pobre criança a quem não deram nada,
Choras? E em vão.
Como tu choro à beira da erma estrada.
Perdi o coração.
A ti talvez, que não te tens dado,
Daria enfim...
A mim... Sei eu que duro e inato fado
Me espera a mim?
*
1920
Fernando Pessoa
In Poesias Inéditas (1919-1930). Fernando Pessoa. (Nota prévia de Vitorino Nemésio e notas de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1956 (imp. 1990).




1 comentário:

mariferrot disse...

Fernando Pessoa e os trocadilhos do Poeta, onde a concha pode ser o mar e o carvão o diamante !!!... <3


Beijo Conde