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sexta-feira, 9 de novembro de 2018

António Carlos Cortez






POESIA 


a imensa claridade será
a tua luz de implacável bruma
espadas ou grutas ou sombras
galopam contra a sanguínea circulação
será a palavra um cavalo um nevoeiro
circunferência exacta a palavra
na tua mão aberta e será sílaba e silêncio
novamente claridade de estranhas avenidas
cidades por onde os olhos já arderam
onde as mãos são uma constelação e um rio
e lembram a carne de um poema no seu fogo
incerto nessa sombra só feita de sombra na cidade
e será a palavra um punhal de palavras
no verde vento onde encontrarás a memória da cidade


António Carlos Cortez



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