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sexta-feira, 12 de janeiro de 2018





















































O rosto que tenho nos olhos, 
ao sorrir-me em contraluz; 
os lábios de onde o bâton 
desaparece quando a vida os retoca; 
o nariz que desenho com o gesto 
em que os meus dedos o lembram; 
os cabelos que se desatam como 
a mais doce das florestas; 
o pescoço adivinhado 
sob as folhas e flores da memória; 
seios que emergem da espuma 
e são as aves que em mim pousam; 
um torso curvo nas voltas 
e revoltas de um simples abraço; 
o ventre em que se juntam 
fogo e chama na mais lenta combustão; 
e os joelhos que se abrem 
no instante da explosão; 
tudo, belo e excessivo, 
que o teu corpo me dá, 
sem mais nada, 
além de amor 
só. 


Nuno Júdice

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