O rosto que tenho nos olhos,
ao sorrir-me em contraluz;
os lábios de onde o bâton
desaparece quando a vida os retoca;
o nariz que desenho com o gesto
em que os meus dedos o lembram;
os cabelos que se desatam como
a mais doce das florestas;
o pescoço adivinhado
sob as folhas e flores da memória;
seios que emergem da espuma
e são as aves que em mim pousam;
um torso curvo nas voltas
e revoltas de um simples abraço;
o ventre em que se juntam
fogo e chama na mais lenta combustão;
e os joelhos que se abrem
no instante da explosão;
tudo, belo e excessivo,
que o teu corpo me dá,
sem mais nada,
além de amor
só.
Nuno Júdice
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