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quinta-feira, 12 de novembro de 2015

EdgardoXavier. ///// O COMEÇO

O começo
No primeiro encontro fomos, os dois, bem comportados. Nada de excessos, nada de liberdade. O mínimo que me davas era muito mais que suficiente. Aceitei o escuro como condição sine qua non e prescindi de ver a tua nudez. Sentia as mãos a ler-te sob a roupa leve que usavas naquele verão e fui ganhando delícias, uma após outra, sopesando, medindo, provando, gemendo palavras doces ao teu ouvido. Acabou depressa. Veio-nos a vergonha a seguir e, cada um de nós, se vestiu no escuro e, sem despedida, corremos para destinos diferentes. Passou muito tempo até torcermos as nossas vidas para forçar o encontro seguinte. Estávamos sequiosos um do outro e isso deu-nos asas, liberdades, ousadias. Era um jogo perigoso para qualquer virtude mas, ainda assim, corremos todos os riscos. Um só beijo casto porque rapidamente percebemos estar mais interessados numa outra dimensão, quiçá mais adulta, mais sábia, mais exigente. E aprendi-te. Pele, suavidade, calor, força, verdade. E passamos a ser um do outro, propriedade física e psíquica comum. Eramos a mesma terra, o clima forte, idêntica lama. Depois de apagadas as diferenças, a vergonha, os pruridos, era tempo de entrega plena, radical, iluminada, cheia, intensa. Quando nos separávamos ambos íamos incompletos como se um vazio estivesse por preencher mas ambos íamos, também, com o outro inteiro na mente, na pele, no corpo. Estavas na minha boca, nos meus olhos, nas minhas mãos. A tua ausência doía. Depois…acabámos de crescer e perdemo-nos. Ainda te procuro, em vão, noutros corpos, noutra pele, noutros cheiros.


 EdgardoXavier.






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