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sábado, 28 de novembro de 2015

António Ramos Rosa

Quando te vi senti um puro tremor de primavera
 e a voluptuosa brancura de um perfume
 No meu sangue vogavam levemente
 anénomas estrelas barcarolas
 O silêncio que te envolvia era um grande disco branco
 e o teu rosto solar tinha a bondade de um barco
 e a pureza do trigo e de suaves açucenas
 Quando descobri o teu seio de luminosa lua
 e vi o teu ventre largamente branco
 senti que nunca tinha beijado a claridade da terra
 nem acariciara jamais uma guitarra redonda
 Quando toquei a trémula andorinha do teu sexo
 a adolescência do mundo foi um relâmpago no meu corpo
 E quando me deitei a teu lado foi como se todo o universo
 se tornasse numa voluptuosa arca de veludo
 Tão lentamente pura e suavemente sumptuosa
 foi a tua entrega que eu renasci inteiro como um anjo do sol


 António Ramos Rosa  


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