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terça-feira, 18 de dezembro de 2012

De. Miguel Torga

Ícaro



Minhas asas humanas de
poeta!
Derreteu-as o sol da lucidez.
Cego, abria-as ao vento
Da inspiração
E voava.


Mas pouco a pouco,
Como quem desperta,
Dei conta da cegueira.
E fui perdendo altura.

Agora canto apenas
Ao rés-do-chão da vida,
A olhar o descampado
Do céu azul
Aberto à graça doutras emoções.

E o canto é triste assim desiludido.
Falta-lhe a perspectiva e o sentido
Que tinha quando eu tinha as ilusões.

1 comentário:

Unknown disse...


olá!!!

QUE O SOL DA LUCIDEZ ,nunca derreta a nossa alma de poetas....para que não percamos a perspectiva e o sentido...que tínhamos quando havia as ilusões...

gostei muito

um beijo