De amor nada mais resta que um Outubro
e quanto mais amada mais desisto: quanto mais tu me despes mais me cubro e quanto mais me escondo mais me avisto.
E sei que mais te enleio e te deslumbro porque se mais me ofusco mais existo.
Por dentro me ilumino, sol oculto, por fora te ajoelho, corpo místico.
Não me acordes. Estou morta na quermesse dos teus beijos. Etérea, a minha espécie nem teus zelos amantes a demovem.
Mas quanto mais em nuvem me desfaço mais de terra e de fogo é o abraço
com que na carne queres reter-me jovem.
Quantas noites... Ainda lembro de cada palavra dita... Como sopros ao vento...
Dando esperança ao meu viver...
Dando vida ao meu sonhar... Cobria-me com tuas asas... Para aquecer minha alma... Anjo de luz... Que ilumina meu coração... Que torna a vida mais alegre... Que torna os dias mais brandos... Uma paz que reina no subconsciente... Nas noites frias de solidão... Meu anjo de luz ilumina meu viver... Ilumina meu pensar... Apenas o teu amor... pode meu coração iluminar... Que Deus sempre esteja contigo... Para que sempre estejas comigo...
Para um amigo tenho sempre um relógio
esquecido em qualquer fundo de algibeira. Mas esse relógio não marca o tempo inútil. São restos de tabaco e de ternura rápida.
É um arco-íris de sombra, quente e trémulo. É um copo de vinho com o meu sangue e o sol.
António Ramos Rosa, in "Viagem Através de uma Nebulosa"
Pela distância, e não só, sinto-me inspirado a publicar aqui um poema para (espero) vosso gáudio!! Teus seios... quando os sinto, quando os beijo na ânsia febril de amante incontestado, são pólos recebendo o meu desejo, nos momentos sublimes de pecado... E às manhãs... quando acaso, entre lençóis das roupagens do leito, saltam nus, lembram, não sei, dois lindos girassóis fugindo à sombra e procurando a luz!... Florações róseas de uma carne em flor que se ostenta a tremer em dois botões na primavera ardente de um amor que vive para as nossas sensações... Túmidos... cheios... palpitantes, como dois bagos do teu corpo de sereia, tem um rubro botão em cada pomo como duas cerejas sobre a areia... Quando os tenho nas mãos... Quantas delícias!... Arrepiam-se, trémulos , sensuais, e ao contacto nervoso das carícias tocam-me o peito como dois punhais!... Meu lúbrico prazer sempre consolo na carne destas ondas revoltadas, que são como taças emborcadas no moreno inebriante do teu colo... (Autor: J.G.de Araújo Jorge)
Brasil: S.Paulo, Belo Horizonte , Curitiba, Joinville, Espera Feliz , Baurú , São José de Meriti , Campo Grande , Extrema , Portugal : Terrugem , Cantanhede , Samora Correia , Amadora, Queluz , Massamá , Torres Novas Untd States: Mountainviev 2 Torrance Germany : Mommenheim Berlin Belgium Zaventem 2 TUNISIA MOÇAMBIQUE Nota : a cada passo exponho os paises com suas cidades , só que gostaria que comentassem ....rsrsrsrsr
Deixe dizer-te os lindos versos raros Que a minha boca tem pra te dizer ! São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim pra te oferecer.
Tem dolencia de veludo caros, São como sedas pálidas a arder... Deixa dizer-te os lindos versos raros Que foram feitos pra te endoidecer ! Mas, meu Amor, eu não te digo ainda... Que a boca da mulher é sempre linda Se dentro guarda um verso que não diz ! Amo-te tanto ! E nunca te beijei... E nesse beijo, Amor, que eu te não dei Guardo os versos mais lindos que te fiz.
Quando
te sentas perto de mim, tudo o que quero é silêncio...que os teus
braços me conheçam, que os teus gestos surpreendam as palavras não
ditas, apenas pensadas...entre os dedos o perfume de um beijo...entre um
beijo uma doce troca de olhares...um pensamento distante...porque não?
Um copo de vinho, a Lua à janela...cabelos molhados, corpo rasgado de
pudor, distraído pelo cheiro do mar, que encantado se envolve de
areia...solidão, quando fechas a porta dizendo que um dia vais
voltar...talvez sim...talvez não...não importa...apenas importa que te
senti em mim...mesmo nunca tendo estado aqui..
...Vive comigo um amor sem moda Ou se for de moda, que seja antigaMe manda uma “cartinha”Com letras “redondinhas”Cheias de “eu te amo” Me escreve uma poesiaCheia de “riminha”Me proponha uma jura Daquelas que não se fazem: “Quer ser pra sempre, Sempre minha?” -Cáh Morandi-
Ves
Angélica
esa quejumbrosa gaviota que allá arriba
vuela en laxos, sombríos círculos
en torno a tu cabeza: así suele rondarme la tristeza
cuando me dices adiós
y te alejas
y te olvidas de
mí.
Angélica crepuscular
Veja Angélica
a queixosa gaivota que voa lá em cima
em voltas soltas, sombrios círculos
em torno de tua cabeça: assim sói rondar-me a tristeza
quando eu digo adeus
e te alheias
e te esqueces de mim.
,
para que a luz do Sol me não constranja.
Numa taça de sombra estilhaçada,
deita sumo de lua e de laranja.
Arranja uma pianola, um disco, um posto,
onde eu ouça o estertor de uma gaivota...
Crepite, em derredor, o mar de Agosto...
E o outro cheiro, o teu, à minha volta!
Depois, podes partir. Só te aconselho
que acendas, para tudo ser perfeito,
à cabeceira a luz do teu joelho,
entre os lençóis o lume do teu peito...
Podes partir. De nada mais preciso
para a minha ilusão do Paraíso.
Pela verdade, pelo riso, pela luz, pela beleza,
Pelas aves que voam no olhar de uma criança, Pela limpeza do vento, pelos actos de pureza, Pela alegria, pelo vinho, pela música, pela dança,
Pela branda melodia do rumor dos regatos,
Pelo fulgor do estio, pelo azul do claro dia,
Pelas flores que esmaltam os campos, pelo sossego dos pastos, Pela exactidão das rosas, pela Sabedoria, Pelas pérolas que gotejam dos olhos dos amantes,
Pelos prodígios que são verdadeiros nos sonhos, Pelo amor, pela liberdade, pelas coisas radiantes, Pelos aromas maduros de suaves outonos,
Pela futura manhã dos grandes transparentes, Pelas entranhas maternas e fecundas da terra, Pelas lágrimas das mães a quem nuvens sangrentas
Arrebatam os filhos para a torpeza da guerra, Eu te conjuro ó paz, eu te invoco ó benigna, Ó Santa, ó talismã contra a indústria feroz.
Com tuas mãos que abatem as bandeiras da ira, Com o teu esconjuro da bomba e do algoz, Abre as portas da História,
deixa passar a Vida!
As coisas simples dizem-se depressa ; tão depressa que nem conseguimos que as ouçam. As coisas
simples murmuram-se; um murmúrio tão baixo que não chega aos ouvidos de ninguém. As coisas simples escorrem pela prateleira da loja; tão ao de leve que ninguém
as compra. As coisas simples flutuam com o vento; tão alto, que não se vêm.
São assim as coisas simples: tão simples como o sol que bate nos teus olhos, para que os feches, e as coisas simples passem como sombra sobre as tuas pálpebras.
é que o pólen do fogo se junta à nascente, alastra na sombra. Nos teus flancos é que a fonte começa a ser rio de abelhas, rumor de tigre. Da cintura aos joelhos é que a areia queima, o sol é secreto, cego o silêncio. Deita-te comigo. Ilumina meus vidros. Entre lábios e lábios toda a música é minha Eugénio de Andrade
Canção de AmorEu cantaria mesmo que tu não existisses,
faria amor, assim, com as palavras.
Eu cantaria mesmo que tu não existisses
porque haveria de doer-me a tua ausência.
Por isso canto. Alegre ou triste, canto.
Como se, cantando, tocasse a tua boca,
ainda antes da tua presença.
Direi mesmo, depois da tua morte.
Eu cantaria mesmo que tu não existisses,
ó minha amiga, doce companheira.
Eu festejo o teu corpo como um rio,
onde, exausto, chegarei ao mar.
Sim, eu cantaria mesmo que tu não existisses,
porque nada eu direi sem o teu nome.
Porque nada existe além da tua vida,
da tua pele macia, dos teus olhos magoados.
Assim quero cantar-te, meu amor,
para além da morte, para além de tudo.
Joaquim Pessoa, in 'Canções de Ex-Cravo e Malviver'
a tua pura integridade delicada a tua permanente adolescência de segredo a tua fragilidade acesa sempre altiva
Por ti eu sou a leve segurança de um peito que pulsa e canta a sua chama
que se levanta e inclina ao teu hálito de pássaro ou à chuva das tuas pétalas de prata
Se guardo algum tesouro não o prendo porque quero oferecer-te a paz de um sonho aberto que dure e flua nas tuas veias lentas
e seja um perfume ou um beijo um suspiro solar
Ofereço-te esta frágil flor esta pedra de chuva
para que sintas a verde frescura de um pomar de brancas cortesias porque é por ti que vivo é por ti que nasço
porque amo o ouro vivo do teu rosto
Há mulheres que trazem o mar nos olhos outras trazem verde esperança outras ainda saudades do tempo em que foram criança uns joelhos esfolados e cicatrizes de lembrança Há mulheres que trazem sorrisos nos olhos de tempos em que foram felizes em que dançavam ao sabor do vento e se sentiam asas sem lugar no tempo Há mulheres que carregam tristeza nos olhos uma tristeza tão profunda tão sentida e tão funda que se lhes vê a alma só de olhar pra elas e pungentemente sentimo-nos parte delas... ...e há mulheres que trazem a paixão nos olhos esse desejo calado que vibra só por ser tocado como se mil anjos tocassem harpas no céu! Há mulheres de todos os tipos mulheres como tu e eu mulheres que todos os dias erguem os olhos para o céu ou para outro qualquer lugar que as faça felizes que as faça ser ainda mais mulheres que as faça simplesmente ... amar...
Não me venham falar dele, desse amor Nem me queiram condenar por ser assim Que m’importa pois o mundo e o seu rancor
Se a ternura dos seus olhos não tem fim
Não me venham falar mais de preconceitos Nem dizer que tenho culpas ou pecados Não me digam que os amantes foram feitos P’ra viverem no amor desencontrados
Não me venham criticar socialmente Que da própria natureza assim nasci Que m’importa que se fale assim da gente Meu amor se por amor me dei a ti
Não me falem que o silêncio é minha vida E as palavras são banais nesta ansiedade Não me falem p’ra que fique adormecida No encanto deste amor feito verdade
Ela tinha uma cintura bem torneada cadeiras cheias e caçava os machos nos arredores da Madeleine. pelo seu jeito de me dizer: Meu anjo te apeteço? eu vi logo que se tratava de uma debutante.
Ela tinha talento, é verdade, eu o confesso. Ela tinha gênio, mas sem técnica um dom não é nada. Certamente não é tão fácil ser puta como ser freira, pelo menos é o que se reza em latim na Sorbonne.
Sentindo-me cheio de piedade pela donzela ensinei-lhe os pequenos truques de sua profissão e ensinei-lhe os meios para fazer logo fortuna rebolando o lugar onde as costas se assemelham à lua,
Porque na arte de fazer o trottoir, confesso, o difícil é saber mexer bem a bunda. Não se mexe a bunda da mesma maneira para um farmacêutico, um sacristão, um funcionário.
Rapidamente instruída por meus bons ofícios ela cedeu-me uma parte de seus benefícios. Ajudavamo-nos mutuamente, como diz o poeta: ela era o corpo, naturalmente, e eu a cabeça.
Quando a coitada voltava para casa sem nada dava-lhe umas porradas mais do que com razão. Será que ela se lembra ainda do bidê com que lhe rachei o crânio?
Uma noite, por causa de manobras duvidosas ela caiu vítima de uma doença vergonhosa, então, amigavelmente, como uma moça honesta passou-me a metade de seus micróbios.
Depois de dolorosas injeções de antibióticos desisti da profissão de cornudo sistemático. Não adiantou que ela chorasse e gritasse feita louca e, como eu era apenas um canalha, fiz-me honesto.
Privado logo de minha tutela, minha pobre amiga, correu a suportar as infâmias do bordel. Dizem que ela se vendeu até aos tiras! Que decadência! Já não existe mais moralidade pública na nossa França!
Perguntas donde vem a timidez estranha,
Este quase terror com que te falo e escuto,
Como se a sombra hostil duma grande montanha,
Que se erguesse entre nós, me cobrisse de luto. Ignoras a razão deste absurdo respeito
Com que te beijo a mão, que estendes complacente,
Fria do ardor que tens concentrado no peito,
Que mão fria é sinal de coração ardente. E admiras-te de ver que os olhos baixo e tremo,
– Se passas como um sol de plantas cercado –
Sem dar mostras sequer desse orgulho supremo
De quem se sente eleito entre todos, e amado! Não podes conceber que uma paixão tão alta
Se vista de recato ou de pudor mesquinho…
Mas, se é sincero, o Amor só a ocultas se exalta,
Faz – se tanto maior quanto é discreto o ninho. E tudo o que crês fingida gravidade
É uma íntima oblação, pois nas almas piedosas
O Verdadeiro Amor é feito de humildade:
Sobre o anel nupcial não há pedras preciosas.
É provável, sim, é
provável que ainda a ame, que ame nela o que antes soube amar, a
cabeleira escura, o ventre inquietante, o peito guardando a alegria de
um coração solar. Os meus olhos profundos sempre a contemplaram
visivelmente perturbados, até mesmo perdidos, quando ela caminhava
abrindo rasgões no ar que se fechavam depois à sua passagem para
cingir-lhe os braços, os seios e as ancas. A sua boca tremeu na minha
com a sede da música e o seu contacto era o do musgo e o da cinza, e
dessas cerejas maduras pelo lume de maio. Não sei se estou a endeusá-la
ou se ela é uma deusa. Não sei mesmo se conseguirei dizer dela quanto
gostaria. Ela está tão perto do meu corpo que a minha pele se acende, e
tão longe dos meus olhos que só poderei lembrá-la. Fizémos muito amor e
sempre muitas vezes, sem que entre nós esvoaçasse uma minima sombra.
Quando ficávamos tristes, é que o espanto crescia até ao minuto primeiro
da tristeza. É uma mulher maravilhosa, o seu nome que importa?, tão
frágil como um menino inocente, assim desamparada, correndo para a
loucura como antes correu para os meus braços. Nenhuma paixão poderia
doer-me mais. Nenhuma ternura poderia mimar-me tanto. O meu poema é uma
casa erguida com a sua beleza, onde ela entra e de onde sai e algumas
vezes se demora. Poderei dizer que o meu coração é uma sala vazia? A sua
recordação ainda me perturba e disso tenho consciência. Amo-a ainda, ou
não a amo já, é impossível dizer. Mas é provável, sim, é provável que
ainda a ame.
sob o torpor de tanta luz nossas bocas unem-se ansiosas, ardem juntas num delírio rubro, ébrias de gemidos, nuas, alucinadas, seduzem-se, perturbam-se, embriagam-se, entregam-se ferventes e enfeitiçadas, em êxtase bebem o fragor do lume, sorvem o ardor e a cupidez do vinho, mordem-se como polpas tenras, sumarentas, inebriadas, queimam-se, ferem-se, húmidas de tantos beijos, de fogo tão sequiosas, chamas convulsas bruxuleando claras. E quase morrem calcinadas, exaustas, loucas, desvairadas, num frémito de labaredas, em fogueiras acesas, altas, transfiguradas – Serão centelhas vivas, alvoroçadas? Fúlgidas quimeras abrasadas?
Ponho um ramo de flores na lembrança perfeita dos teus braços;
cheiro depois as flores
e converso contigo sobre a nuvem que pesa no teu rosto; dizes sinceramente que é um desgosto.
Depois, não sei porquê nem porque não, essa recordação desfaz-se em fumo; muito ao de leve foge a tua mão, e a melodia já mudou de rumo.
Coisa esquisita é esta da lembrança! Na maior noite, na maior solidão, sem a tua presença verdadeira, e eu vejo no teu rosto o teu desgosto, e um ramo de flores, que não existe, cheira!
Estou mais perto de ti porque te amo.
Os meus beijos nascem já na tua boca. Não poderei escrever teu nome com palavras. Tu estás em toda a parte e enlouqueces-me
Canto os teus olhos mas não sei do teu rosto. Quero a tua boca aberta em minha boca.
E amo-te como se nunca te tivesse amado porque tu estás em mim mas ausente de mim.
Nesta noite sei apenas dos teus gestos e procuro o teu corpo para além dos meus dedos. Trago as mãos distantes do teu peito.
Sim, tu estás em toda a parte. Em toda a parte. Tão por dentro de mim. Tão ausente de mim.
E eu estou perto de ti porque te amo.