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quinta-feira, 1 de setembro de 2022

António Franco Alexandre

 

Photo: Sergei Smirnov

















Podes pegar em mim, pesar-me na balança 
do sim e não, medir-me às polegadas a bondade; 
ainda eu guardo o coração em sítio seco 
e fresco, e longe de palavras. 
E agrada-me estar só, na mais pequena cela 
de uma prisão estéril entre os montes, 
toda a noite a cantar contra a janela 
donde se avistam outras grades iguais. 
Podes até dizer (mas não as dizes) 
as engraçadas frases em que voas 
por distantes colinas, espantadas 
de tão solene e nova madrugada; 
e trazer-me água fresca, que me enrolo 
em mim como um novelo e nem sequer 
me movo quando o monstro inexplicável 
com as suas garras rasga o meu lençol.


António Franco Alexandre

1 comentário:

adry disse...

Fantástico tudo.(poema e ilustração),é o que me apraz comentar.
Bfs BJ.