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terça-feira, 13 de setembro de 2022

Alberto Caeiro

 

Nem sempre sou igual no que digo e escrevo. 
Mudo, mas não mudo muito. 
A cor das flores não é a mesma ao sol 
Do que quando uma nuvem passa 
Ou quando entra à noite 
E as flores são cor da sombra. 

Mas quem olha bem vê que são as mesmas flores. 
Por isso quando pareço não conciliar comigo, 
Reparem bem para mim: 
Se estava virado para a direita, 
Voltei-me agora para a esquerda, 
Mas sou sempre eu, assente sobre os meus pés -
O mesmo sempre, graças ao céu e à terra 
E aos meus olhos e ouvidos atentos 
E à minha clara simplicidade de alma...


Alberto Caeiro




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