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segunda-feira, 26 de julho de 2021

 

Poesia à segunda

 Praia do paraíso

Era a primeira vez que nus os nossos corpos

apesar da penumbra à vontade se olhavam

surpresos de saber que tinham tantos olhos

que podiam ser luz de tantos candelabros

 Era a primeira vez Cerrados os estores

só o rumor do mar permanecera em casa

E sabias a sal E cheiravas a limos

que tivessem ouvido o canto das cigarras

Havia mais que céu no céu do teu sorriso

madrugada de tudo em tudo que sonhavas

Em teus braços tocar era tocar os ramos

que estremecem ao sol desde que o mundo é mundo

É preciso afinal chegar aos cinquenta anos

para se ver que aos vinte é que se teve tudo

(David Mourão-Ferreira)





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