LXXXV
Sei que estou estranho,
indiferente, silencioso, apático,
quase um vegetal humano.
Nem penso
que me comporto
como se enfiasse um punhal no teu peito-
e isto, bem sei, não é direito.
Sei que deveria ter te procurado,
estar do teu lado,
ter contigo almoçado,
sem ficar assim tão depressivo,
tão sem forças,
tão contente em nada fazer,
sem motivo,
exceto dormir e comer.
Talvez, nem me queiras mais,
cansada, que sei que estás,
de esperar por algum sinal meu.
E aqui continuo inerme,
preguiçoso, dormindo,
esperando os dias passar
em lenta agonia.
E me justifico,
antes de apagar a luz e ir dormir :
talvez não seja o dia,
talvez não seja a hora,
e, em profunda letargia,
afirmo é culpa da pandemia!
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