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quarta-feira, 3 de março de 2021

A boca Eugénio de Andrade

 A boca,


onde o fogo
de um verão
muito antigo

cintila,

a boca espera

espera o ardor

(que pode uma boca
esperar
senão outra boca?)

do vento
para ser ave,

e cantar.

Eugénio de Andrade

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