Não preciso, Senhor, da Quarta-feira de Cinzas, pois não há
dia da semana em que me esqueça de que fui em tempos barro
na tua mão.
Se de alguma coisa preciso é que o não esqueças Tu...
Dulce María Loynaz
fala-me dos arcos de céu
onde infinitos pequenos astros
se rebolam sobre a pureza
do teu rosto. fala-me dos teus olhos,
da paisagem que inventam aí
onde se adivinham os dias e se pressente
o vibrar ligeiro do novo amor em semente.
escutarei, e das tuas palavras vou tirar
outras que não são para dizer, que trazem
o mais íntimo segredo disso que é real,
disso que ignora as paredes e em tudo
desenha o horizonte que somos em nós.
mudo ficarei suspenso da tua voz sem saber
ao certo se é verdade ou mentira, se se pode
de facto criar um rosto que nos mostre por completo,
como a pele mostra a mão,
sem saber se este sangue e esperança
será suficiente para te encontrar
no rebolar dos infinitos pequenos astros.
Vasco Gato
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