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sábado, 3 de junho de 2017

Francisco Valverde Arsénio





A CASA ONDE MORO CONTEM APENAS O TEU NOME
A casa onde moro contem apenas o teu nome.A paleta de cheiros e fontes translúcidas repinta as paredes envelhecidas e encobre as brechas que singram nas pupilas dos meus olhos. O vento despede-se das palavras mudas, e num desassombro companheiro agita o mar e o verde das ondas. O teu nome é o todo e o nada, é a porta por onde entraste e não mais saíste, é a janela aberta onde vimos os pássaros rumar a Norte, é a esquina e cada uma das ruas enviesadas e agarradas à penumbra dos rostos que passam cabisbaixos e desiludidos, é a mão que se estende à luz da lua em quarto crescente. Durmo acordado nesta casa que contem apenas o teu nome, nesta casa que te chama e sabe de cor cada gemido teu, onde os meus dedos são garras que desnudam os teus poros como se fossem cardumes de cristais. Rodo a chave no tecto cúmplice de nós nas noites esféricas, onde esquecemos o entardecer e a madrugada. Nesta casa os nossos corpos são bailarinos, e cada pirueta liberta sonhos que se intensificam em cada um dos abandonos consentidos. A estrada do teu corpo é um caminho de sedas e rendas, e amamo-nos em silêncio para não perturbar as estrelas. Lá fora o vento silva em cada letra do teu nome, e até o sol tenta imitar o calor do teu corpo

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Poema dito pelo autor, Francisco Valverde Arsénio, na sessão de lançamento do livro" MARGINÁLIA", na Fundação José Saramago no dia 30 de Maio de 2015.


Foto de Fatima Pereira.

1 comentário:

Fatima maria disse...

A casa onde moro contem apenas o teu nome.A paleta de cheiros e fontes translúcidas repinta as paredes envelhecidas e encobre as brechas que singram nas pupilas dos meus olhos. O vento despede-se das palavras mudas, e num desassombro companheiro agita o mar e o verde das ondas. O teu nome é o todo e o nada, é a porta por onde entraste e não mais saíste, é a janela aberta onde vimos os pássaros rumar a Norte, é a esquina e cada uma das ruas enviesadas e agarradas à penumbra dos rostos que passam cabisbaixos e desiludidos, é a mão que se estende à luz da lua em quarto crescente.

gostei,bjinhos <3