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terça-feira, 12 de julho de 2011
O ar dentro do grito
Exerce sobre mim todos os teus poderes,
os mais avassaladores e brutais,
os que deixam na carne a marca sem resgate
de uma morte prometida em cada gesto
e dá-me a perceber que
sempre que te toco é, afinal, o fogo
que estou a tocar, como se quisesse
bordar um monograma de lava
no lenço que cala o queixume dos lábios.
Deixa-me dos teus poderes
somente um rumor ou um aroma,
a inexprimível tentação que os faz
serem tão perenes e secretos,
tão sôfregos de entrega e infinito,
e depois derrota-me na arena
dos teus braços como tenazes de vento
sufocando nesta boca
o sopro que aprisiona o ar dentro do grito.
José Jorge Letria
Imagem retirada do Google
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2 comentários:
Magnifico! bjos achocolatados
Bem, o titulo deixou-me sem ar, o poema sem palavras para comentar!
Obrigado pela partilha, dos mais bonitos e profundos que li por aqui
Beijos!
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