-De onde me chegam estas palavras?
Nunca houve palavras para gritar a tua ausência
Apenas o coração
Pulsando a solidão antes de ti
Quando o teu rosto dóia no meu rosto
E eu descobri as minhas mãos sem as tuas
E os teus olhos não eram mais
que um lugar escondido onde a primavera
refaz o seu vestido de corolas.
E não havia um nome para a tua ausência.
Mas tu vieste.
Do coração da noite?
Dos braços da manhã?
Dos bosques do Outono?
Tu vieste.
E acordas todas as horas.
Preenches todos os minutos.
acendes todas as fogueiras
escreves todas as palavras.
Um canto de alegria desprende-se dos meus dedos
quando toco o teu corpo e habito em ti
e a noite não existe
porque as nossas bocas acendem na madrugada
uma aurora de beijos.
Oh, meu amor,
doem-me os braços de te abraçar,
trago as mãos acesas,
a boca desfeita
e a solidão acorda em mim um grito de silêncio quando
o medo de perder-te é um corcel que pisa os meus cabelos
e se perde depois numa estrada deserta
por onde caminhas nua.
Joaquim Pessoa
2 comentários:
Não conhecia este poema, mas muito lindo!
Cheio de emoções...
Bj
Obrigado pela visita a um dos meus espaços
Olá! Obrigada pela tua visita, espero que voltes mais vezes ;)
Quanto ao que disseste... bem, estou muito agradecida pois poucas pessoas têm consciência do quanto damos de nós e até do quanto sofremos.
Mais uma vez, obrigada :) gostei muito de ler o teu comentário, são pessoas como tu que me dão força para continuar!
Beijinhos *
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