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sábado, 5 de setembro de 2009

Obscuro domínio



Amar-te assim desvelado
entre barro fresco e ardor.
Sorver o rumor das luzes
entre os teus lábios fendidos.

Deslizar pela vertente
da garganta, ser música
onde o silêncio aflui
e se concentra.

Irreprimível queimadura
ou vertigem desdobrada
beijo a beijo,
brancura dilacerada

Penetrar na doçura da areia
ou do lume,
na luz queimada
da pupila mais azul,

no oiro anoitecido
entre pétalas cerradas,
no alto e navegável
golfo do desejo,

onde o furor habita
crispado de agulhas,
onde faça sangrar
as tuas águas nuas.

Eugénio de Andrade

2 comentários:

Feiticeira disse...

Boa Noite

Mais um lindo texto

Beijinhos, aparece por lá, no meu cantinho

Feiticeira disse...

Voltando para saber como foi tua noite de fados e desejar-lhe bons sonhos e deixar um beijo carinhoso pra ti