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quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Alexandre O'Neill

 

Paul Éluard by Man Ray (in Les Mains Libres)



















À memória de Paul Éluard 


Estudaste a bondade aprendeste a alegria 
Iluminaste a noite com a estrela 
E o desejo com a necessidade 

Comunicativo bom inteligente 
Soubeste sofrer sem destruir a vida 
Sem chamar pela morte 

Soubeste vencer o íntimo lazer 
As absurdas manias que a solidão instala 
No coração virado na cabeça perdida 

Soubeste mostrar o mais secreto amor 
Numa alegria feroz perfeita pública 
Capaz de provocar o ódio e a ternura 

Em todas as frentes que por ti passavam 
Contra-atacaste repelindo o mal 
Com pesadas perdas para o inimigo 

E na miséria que subia aos rostos 
Puseste a nu a resistência a esperança 
E um futuro sorriso 

Enquanto velhas feridas se fechavam 
Tua poesia abriu-se e hoje é comum 
E transparente como os olhos das crianças 

Hoje é o pão o sangue e o direito à esperança 
À esperança que é "um boi a lavrar um campo"
E que é "um facho a lavrar o olhar"

Andaste triste mas não foste a tristeza 
Sofreste muito mas não foste a dor 
Amaste imenso e eras o amor 

Cantaste a beleza proferiste a verdade 
Encontraste não uma mas a razão de ser 
Compreendeste a palavra felicidade 

E numa extrema juventude e sob o peso 
Precioso da simplicidade 
Tudo disseste 

Disseste o que devias dizer.


Alexandre O'Neill

1 comentário:

adry disse...

Que Excelente escolha!
Tudo perfeito!
Um beijo.