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terça-feira, 31 de agosto de 2021

- Eugénio de Andrade - ✍️ In * (As Mãos E Os Frutos)

 — XXVIII—

Hoje deitei-me ao lado da minha solidão.
O seu corpo perfeito, linha a linha,
derramava-se no meu, e eu sentia
nele o pulsar do próprio coração.
Moreno, era a forma das pedras e das luas.
Dentro de mim alguma coisa ardia :
a brancura das palavras maduras
ou o medo de perder quem me perdia.
Hoje deitei - me ao lado da minha solidão
e longamente bebi os horizontes.
E longamente fiquei até sentir
o meu sangue jorrar nas próprias fontes.
- Eugénio de Andrade -
✍️
In * (As Mãos E Os Frutos)




1 comentário:

mariferrot disse...

POETA, uma árvore regada com água de beleza, frondosa de sombras e frutos que levados por belas mãos mitigam a fome da alma !!!... <3


Beijo Conde