as coisas aladas ensinam o chão. explicam-lhe quanto há
entre terra e céu, o caminho livre do voo, a vista elevada de
deus. eu vejo anjos e os anjos são das coisas aladas os sonhos
mais completos. erguem-se braçados de asas a educar
o vento, percursos de sopro que se abrem nas dimensões,
e luzem nas nossas cabeças como homens enfim pássaros.
como se as árvores pudessem ser casas nossas e nada nos
acordasse na força do frio e da chuva, como se nos
cumprimentássemos em pleno ar, seres tão leves atarefados
com mais nada. seríamos só pulmões cheios, máquinas de
pairar, alegres imprecisões ao alto
valter hugo mãe
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