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quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Nuno Júdice









  • esquisso...
    O rosto que tenho nos olhos,
    ao sorrir-me em contraluz;
    os lábios de onde o bâton 
    desaparece quando a vida os retoca;
    o nariz que desenho com o gesto
    em que os meus dedos o lembram;
    os cabelos que se desatam como
    a mais doce das florestas;
    o pescoço adivinhado
    sob as folhas e flores da memória;
    seios que emergem da espuma
    e são as aves que em mim pousam;
    um torso curvo nas voltas
    e revoltas de um simples abraço;
    o ventre em que se juntam
    fogo e chama na mais lenta combustão;
    e os joelhos que se abrem
    no instante da explosão;
    tudo, belo e excessivo,
    que o teu corpo me dá,
    sem mais nada,
    além de amor
    só.
    Nuno Júdice

    Foto de Antonio Baptista.

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