Seguidores

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Nuno Júdice

contigo...
O anjo que renasce com a tua luz, a forma 
obscura do seu voo, o canto abstracto que 
o envolve, são os motivos do meu canto. 

Podia não saber que um anjo tem a figura 
do espaço, no azul mais fundo do meio-dia, 
ou na treva para que a noite nos arrasta. 

É de onde um bater de asas celeste se ouve 
que tudo começa, como quando te vejo sair 
dessa esquina de memória em que te escondo. 

Partilho com esse anjo uma refeição de salmos, 
e perguntas-me se é isso que espero da vida, 
ou até onde poderei adiar a minha morte. 

"Não dependem de nós as ultimas decisões", digo-te, 
olhando o vazio nos olhos brancos do
anjo que resolve um último problema de xadrez. 

E enxoto-o para o seu ninho de nuvens: é 
contigo que tenho de resolver as dúvidas do 
absoluto, as linhas sem saída do infinito, 

o azul e a treva que me pões em frente, com 
as tuas mãos pousadas no tampo do segredo, 
para que eu abra a caixa dos sentimentos.



Nuno Júdice 
 
 

Sem comentários: