Abraça-me
Abraça-me. Quero
ouvir o vento que vem da tua pele, e ver o sol nascer do intenso calor
dos nossos corpos. Quando me perfumo assim, em ti, nada existe a não ser
este relâmpago feliz, esta maçã azul que foi colhida na palidez de
todos os caminhos, e que ambos mordemos para provar o sabor que tem a
carne incandescente das estrelas. Abraça-me. Veste o meu corpo de ti,
para que em ti eu possa buscar o sentido dos sentidos, o sentido da
vida. Procura-me com os teus antigos braços de criança, para desamarrar
em mim a eternidade, essa soma formidável de todos os momentos livres
que a um e a outro pertenceram. Abraça-me. Quero morrer de ti em mim,
espantado de amor. Dá-me a beber, antes, a água dos teus beijos, para
que possa levá-la comigo e oferecê-la aos astros pequeninos.
Só essa água fará reconhecer o mais profundo, o mais intenso amor do
universo, e eu quero que delem fiquem a saber até as estrelas mais
antigas e brilhantes.
Abraça-me. Uma vez só. Uma vez mais.
Uma vez que nem sei se tu existes.
Joaquim Pessoa, in 'Ano Comum'
2 comentários:
È tao belo,tao belo.........Vou levar para o meu facebook,beijinho de <3
É num ABRAÇO
que se expressamos O TUDO que sentimos...quando a emoção nos embarga...e as palavras, não chegam...
por mais belas e sentidas que (elas) sejam...
Lindíssimo!
um beijo
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