O corpo não espera. Não. Por nós
ou pelo amor. Este pousar de mãos,
tão reticente e que interroga a sós
a tépida secura acetinada,
a que palpita por adivinhada
em solitários movimentos vãos;
este pousar em que não estamos nós,
mas uma sêde, uma memória, tudo
o que sabemos de tocar desnudo
o corpo que não espera; este pousar
que não conhece, nada vê, nem nada
ousa temer no seu temor agudo...
Tem tanta pressa o corpo! E já passou,
quando um de nós ou quando o amor chegou.
Jorge de Sena
Pablo Picasso, Composition Peasants 1906.
1 comentário:
Jorge de Sena, um Homem que abraçou o vasto mundo das letras, um intelectual influente que partilhou o berço onde nasceu com o exílio onde viveu !!!...
Beijo Conde
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