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quarta-feira, 20 de maio de 2020

Maria Teresa Horta







           bonança...

Já passou, meu amor, a tempestade
ficando somente o eco de um trovão
e as palavras de aresta que provámos
muito embora iludidas no desvão

do sótão da memória, na turgidez da cave
descendo no amparo do corrimão
para chegar ao fundo da saudade
no lírio breve do nó da tua mão

Ao longe já fugia o temporal
a chuva num sussurro rente ao chão
resfolgando na estranheza que se evade

Lá fora havia ainda a ventania
a lividez da Lua, o desconcerto
as estâncias saqueadas da poesia

Maria Teresa Horta

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