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sexta-feira, 8 de maio de 2020

de António Manuel Pires Cabral






Eu cantarei de amor tão docemente
que, ainda extinta a voz, dela perdure
o veio breve donde transpirou
outrora o canto aceso e os seus silêncios.
Serão então do exílio as horas frouxas
derramadas qual ácido no rosto
do amante. Mas nada foi em vão.
Que os lábios tremerão de puro amor
e a pele – como a serpente à melodia
rende sua homenagem, cativada –
contra o dia se indisciplinará
erguida sobre si, ao arrepio
de leis acumuladas contra nós,
seus ecos contrapondo ao tempo frio.


(Eu cantarei de amor tão docemente, de António Manuel Pires Cabral)

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