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domingo, 3 de junho de 2018

E, outra vez, Antonio Gala








Bagdad                           
Antonio Gala

Tenía tanta necesidad de que me amaras,
que nada más llegar te declaré mi amor.
Te quité luces, puentes y autopistas,
ropas artificiales.
Y te dejé desnuda, inexistente casi,
bajo la luna y mía.
A las princesas sumerias,
cuando fueron quemadas con joyas rutilantes,
les brillaban aún sus dientes jóvenes;
se quebraron sus cráneos antes que sus collares;
se fundieron sus ojos antes que sus preseas….
Bajo la luna aún brillaban sus dientes,
mientras te poseí desnuda y mía.

Bagdá

Eu precisava tanto que me amasses
que logo ao chegar te declarei meu amor.
Te tirei luzes, pontes e rodovias,
roupas artificiais.
E te deixei nua, inexistente quase,
sob a lua e minha.
Nas princesas sumérias,
quando foram queimadas com jóias cintilantes,
seus dentes jovens ainda brilhavam;
se quebraram seus crânios antes de seus colares;
derreteram seus olhos antes que suas medalhas ...
Sob a lua ainda seus dentes brilhavam
enquanto te possuí nua e minha.

Ilustração: Uma página para dois.



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