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terça-feira, 29 de novembro de 2016

Maria do Rosário Pedreira


Toca-me onde me dói e verás
uma flor a abrir-se lentamente
sobre a pele, a maravilha nunca...
adivinhada de um mistério. Esta


é a tua vez de o desvendares -
paixão é uma palavra demasiado
antiga no meu corpo, já não sei a
última vez, a única vez. Toca-me


por isso devagar, não me lembro
da primavera que fez nascer a
doença sobre a ferida, não sinto
o recorte da cicatriz que o tempo


pousou nela. Agora chama-me ao
teu peito com as mãos, tal como a
chuva chama pelos narcisos sem


cessar, ano após ano; diz o meu
nome com os dedos a serem rios
que latejam no coração adormecido


de uma aldeia. Não me adivinhes -
lá, onde me doer, vou recordar-me.

Maria do Rosário Pedreira    




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