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quarta-feira, 16 de novembro de 2016

António Botto


Quanto, quanto me queres?


Quanto, quanto me queres? — perguntaste...
Numa voz de lamento diluída;
E quando nos meus olhos demoraste
A luz dos teus senti a luz da vida.


Nas tuas mãos as minhas apertaste;
Lá fora da luz do Sol já combalida
Era um sorriso aberto num contraste
Com a sombra da posse proibida...


Beijámo-nos, então, a latejar
No infinito e pálido vaivém
Dos corpos que se entregam sem pensar...


Não perguntes, não sei — não sei dizer:
Um grande amor só se avalia bem
Depois de se perder.   




António Botto    





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