Escrevo-te cada palavra como se fosse a
última.
Estou aqui, mas não me vês.
Brilham, nos meus dedos,
dois anéis que rodam, como um caleidoscópio,
movido pelo ar.
Não falarei mais de amor.
Não cuidarei dos crisântemos que hão-de nascer
da tua insónia.
Nada me dirás.
E quando me leres,
saberás que habito uma constelação de astros
apagados pela amargura.
Espreita pelo lado dos girassóis que se voltam
lentamente,
as folhas brancas por onde navegam enumeráveis
barcos,
muito perto do naufrágio.
José Agostinho Baptista
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