DE TARDE
Naquele "pic-nic" de burguesas,
Houve uma cousa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.
Mas, todo púrpuro, a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!
1 comentário:
Falar de Cesário Verde é vontade de não calar, Poeta ilustre, pioneiro d
a expansão da Poesia que se fazia em Portugal no Séc XX,abraçou todas as correntes literárias do seu tempo, o seu romantismo é verdadeira apoteose do sentimento, o seu amor ao rústico e ao natural é muitas vezes demonstrado, pelo tema contraste, cidade/campo.onde a cidade oprime o que o campo liberta !!!...Um vulto rico da Cultura e da Literatura Portuguesa !!!... <3
Beijo Conde
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