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quinta-feira, 20 de junho de 2019




Photo: Alekcej Tugolukoff



























Talvez a linha se acenda e continue 
ondeando a página e sendo nós só a margem 
de um domínio onde fulge a inocência, 
talvez se revele a transparência inicial 
em que a luz de estar a ver seja a palavra mesma. 

Vêm figuras que se espraiam e crescem 
até serem apenas ondulada memória. 
Adensam-se outros corpos e enterram-se no fogo. 
As linhas enovelam-se num delírio exacto. 
A alegria ilumina penumbras de volumes. 

Em tensos membros lúcidos e redondos 
move-se o desenhado corpo ligeiro 
e lento. Aumenta a densidade até ao centro 
de um deus que diz o esplendor silencioso. 
Ou só o ar ondeia num planalto de vento. 



António Ramos Rosa

1 comentário:

mariferrot disse...

Poesia vigorosa armada com intenção, mostra corpos mostra almas com cautelosa paixão !!!... Bj Conde ... <3