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segunda-feira, 2 de maio de 2011

Inúmera....




Que é daquela ribeira que reablita a pedra
Que é daquela cidade que dissolve o ciúme
Rasgavam-se crateras E eu à tua espera
Por entre as mãos do vento rolava um alaúde

As noivas dos abetos vestiram-se de luto
As aias dos abutres caminhavam de rojo
Das trinta e nove amantes que me roubaram tudo
trezentas e noventa desfizeram-se em lodo

Volver as noves musas em noventa viúvas
é aliás tão fácil tão fácil que arrepia
Basta acender um zero depois de cada uma
e mergulhar os braços num poço de neblina

É de lá que ressurge negando a aritmética
de lágrimas coberta de lágrimas tão nua
Ah pensar que podias ter sido a quadragésima
És afinal a única És talvez a inúmera

David Mourão-Ferreira

1 comentário:

OutrosEncantos disse...

que poema lindo moço!
tanto que eu gosto de DMF e não conhecia esta poesia tão linda.
simpática a tua passagem por lá.
no cimo da página [ao meio], por baixo do template, clicas na imagem e encontras ... o outro blog :))
'bigada.
bem vindo :))
beijo.