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quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

"You Are So Beautiful"... Joe Cocker





É preciso variar......

 É preciso variar...




O Rei D. João V não era pedófilo... mas sim "freirófilo"!!!


Quem não conhece a expressão “nem sempre galinha nem sempre rainha”?

O que... muitos não saberão é que a origem dessa expressão é atribuída ao rei D. João V, conhecido nos manuais da história pelo “Magnânimo” mas também conhecido pelo “Freirático” por causa da sua apetência sexual por freiras.

Ficou célebre o seu tórrido romance com a Madre Paula, do mosteiro de S. Dinis em Odivelas, com quem teve vários filhos, os quais educou esmeradamente, ficando conhecidos pelos Meninos de Palhavã, porque residiam em Palhavã, no Palácio onde actualmente funciona a embaixada de Espanha em Lisboa.

 A rainha era austríaca e muito feia, ao contrário do rei que era bem apessoado, talvez por isso o rei procurava outras companhias mais agradáveis.

A rainha sentindo-se rejeitada ter-se-á queixado ao padre seu confessor.

Um dia o padre chamou o rei à razão, então o rei ordenou ao cozinheiro que a partir desse dia, o padre passaria a comer todos os dias galinha.

Nos primeiros dias o padre até ficou satisfeito e deliciado com o menu.

 Mas passado três meses o homem andava agoniado e magro que nem um caniço, indo queixar-se ao rei, que o cozinheiro só lhe dava galinha.

Foi quando o rei com ar de malícia lhe disse:

 - Pois é senhor padre! Nem sempre galinha, nem sempre rainha!




António Franco Alexandre

 

JAN

Como no verso antigo, sou feliz 
por "esta sorte imensa, conhecer-te"
e já me tarda a luz onde procuro 
outro mais puro modo de dizer-te. 
Aos poucos vou fazendo maus poemas 
com a rima calada dos sentidos, 
até me descobrir a toda a gente 
como um vulgar espelho transparente. 
Já me esquecia, por uma qualquer 
dor distraída que no corpo tinha, 
de desenhar a melodia; mas 
quando em ti penso sou seguro e claro; 
gira a terra sem melancolia, 
aceito tudo como o tempo o quis.


António Franco Alexandre




segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Albino Santos



Amanhece.


A noite ainda brinca no nosso corpo.
Teus olhos nos meus a fazer fogueira,
fogo queimando o tempo
e murmúrios afogados nos lençóis da noite
que ainda retêm teu cheiro,
fazendo arder a nossa vontade.
Não quero acordar nem dormir.
Quero o amanhecer imprevisível do amor
silencioso e cúmplice,
o sabor oculto
o prazer do enlace
o deslumbrado abandono,
o desejo solto nos teus lábios
onde o sol se acende,
o fogo inunda,
e o prazer se derrama...



Albino Santos




domingo, 28 de janeiro de 2024

Nuno Jùdice

 

JAN

Photo: Man Ray

Abraça-te a luz fria de um inverno tardio, 
num dedilhar de canto em que arde 
o coração. Habitas o seu fogo sob a tensa 
coluna do pescoço. Uma onda de emoções 
que se esconde sob as pálpebras 
rebenta na paisagem, derrama-se sobre 
a penumbra azul do fundo. Acompanho 
a curva redonda do seio até ao centro, 
invisível sob as setas inseguras 
do amor, e ouço o rumor de palavras 
que nasce da nudez do regaço. Ouço-as 
em cada pedaço de pele, lentas 
e húmidas num desfolhar de lábios. E 
o silêncio que se desprende de uma linha 
de axila envolve-te o corpo com a sua vertigem, 
num desejo de sonhados movimentos.


Graça Pires De O improviso de viver

 

Canto baixinho

Whitney Hayward


Observo atentamente o que me circunda: 
as folhas secas coladas no desvão 
do telhado por um vento impaciente 
o alarido dos pardais a romper 
o silêncio dos mais dispersos carreiros 
o brilho da manhã quase austero 
de tão límpido a espalhar-se na planura 
a beira dos caminhos alagada de sombras 
como um excesso fresco agarrado à pele. 

E canto baixinho, com o som amarrado 
na garganta onde as palavras 
quase morrem sob a língua. 

Graça Pires 
De O improviso de viver

sábado, 27 de janeiro de 2024

Canção do Exìlio

 

Canção do Exílio - Gonçalves Dias



Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas tem mais flores,
Nossos bosques tem mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o sabiá.

Antonio Gonçalves Dias (n. Caxias, Maranhão, 10 de agosto de 1823; m. 3 de novembro de 1864)

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

PABLO NERUDA

 MORRE LENTAMENTE...




"Morre lentamente quem não viaja,
Quem não lê,
Quem não ouve música,
Quem destrói o seu amor-próprio,
Quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito,
Repetindo todos os dias o mesmo trajecto,
Quem não muda as marcas no supermercado,
não arrisca vestir uma cor nova,
não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem evita uma paixão,
Quem prefere O "preto no branco"
E os "pontos nos is" a um turbilhão de emoções indomáveis,
Justamente as que resgatam brilho nos olhos,
Sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho,
Quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho,
Quem não se permite,
Uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da Chuva incessante,
Desistindo de um projecto antes de iniciá-lo,
não perguntando sobre um assunto que desconhece
E não respondendo quando lhe indagam o que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves,
Recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior do que o
Simples acto de respirar.
Estejamos vivos, então!»


PABLO NERUDA





Cançãozinha........

 

Cançãozinha da Desunião Permanente



Eu não gosto de você.

Nem você gosta de mim.

E, até hoje, não sei

Porque vivemos assim:

se você me perde chora

e eu vou chorar se te perder.

Bem que sabemos que, ao cabo, 

é uma armadilha do diabo

que só nos faz padecer. 

Nem você gosta de mim

nem eu gosto de você,

mas, sem um ao outro ter

não tem mais gosto o viver. 

Vamos brigar 

e se amar

deste jeito até morrer!

Ilustração: Guia da Alma. 

rui amaral mendes in a noite o sangue [2016]

 












I breathed on the glass 
Of my other lives 
So I could write in the fog...

Dana Goodyear 


lembro aquela primeira em vez 
em que me persuadiste a fechar os dedos 
por onde passava a areia que contava 
o correr louco dos dias 

falaste de uma brisa matinal 
de palavras feitas 
com que despertavas diariamente 
da matéria do tempo 

pensei na Elsinore de Cesariny 
e na floração da magnólia de Luiza 

exigiste 
lume 
para te dar chão 
vento 
para navegar as águas 

exigiste 
presente 
para exorcizar 
os espectros que teimosamente 
habitavam os pretéritos 

telúrico 
senti a noite  
penetrar a pele 

um ar quente          silente
embrenhando-se na carne 
e uma humidade 
entranhando-se nos ossos 
despindo o céu de luz 
num início de verão 

questionei o significado da
aparentemente estranha 
metáfora dos elementos 
e demandamos juntos 
o sentido das circunstâncias 

fomos conduzidos pelo 
indelével toque das mãos 
pelas emanações da pele 
autenticada pelo amor 
através da madrugada 
até um tempo novo 
em que dos olhos fizemos 
pontos de luz 
e intimamente próximos 
dissipamos o nevoeiro


rui amaral mendes in a noite o sangue [2016] © 

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

rui amaral mendes in de profundis

 

JAN

revelaste-me um dia 
o quanto aprecias as nuvens 

tivesse eu o engenho de Joyce 
e talvez encontrasse palavras 
para nelas projectar 
o sentido de um qualquer paraíso perdido 
ou simplesmente a dimensão inefável de 
um mistério que se estende para lá 
de uma condensação de água 
sem fim à vista 

a verdade é que por estes dias 
a memória que trago comigo 
da geografia de um encontro 
e das nuvens que então nos abraçaram 
me fazem indagar sobre 
        uma inesperada combinação de densidade e leveza 
ou a simples condensação dos mistérios 
que vão conferindo beleza e significado à vida 

acredito que não me cumpre 
esclarecer o sentido da natureza física 
da água e dos seus estados 
mas somente reconhecer a beleza 
daquilo que nos toca para lá da epiderme 
e nos passa por entre os dedos 
sem que o consigamos capturar 

aqui 
        perdido por 
        entre nuvens 
        e raios de sol 
a condensação que 
sinto habitar-me e envolver-me 
é feita de ternura e desejo 

enquanto por dentro 
algo líquido me aquece 
veias e artérias sob 
o signo verde da esperança.


rui amaral mendes in de profundis





terça-feira, 23 de janeiro de 2024

António Franco Alexandre

 

JAN

Deixo na mesa baixa o livro, o bolo, 
o sumo de laranjas do oriente, 
e essa secreta, doce especiaria 
que te torna visível por momentos. 
Poderás acordar-me, se quiseres 
testemunha de tal metamorfose, 
ou passar só as garras caprichosas 
pelo sonho vulgar que me acontece. 
Verei, pela manhã, traços de passos 
humanamente nus pelo soalho, 
e na borda dos pratos a saliva 
de raros, venenosos cogumelos. 
Terás levado o livro; o bolo a meio 
tem a marca felina dos teus dentes.


António Franco Alexandre





segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

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 Uma velhinha morre e ao chegar ao Céu pergunta ao guardião dos portões:

- Porque é que existem duas portas, uma azul e outra vermelha...?
São Pedro então, responde:
- A azul leva ao Céu, a vermelha desce ao Inferno, pode escolher...!
Nisto, ouve-se uma gritaria e o barulho de um berbequim atrás da porta azul.
- Mas o que é isto...? - pergunta a velhinha.
- Nada, é uma alma que acabou de chegar e estão a furar-lhe as costas para pôr as asas...
A velhinha fica indecisa quando, de repente, ouve-se nova gritaria atrás da porta azul.
- E esta gritaria o que é...???
- Nada, é que estão a furar a cabeça da alma para pôr a auréola...
- Que horror...! Eu não quero ir para o Céu, vou para o Inferno...!
- Mas lá o Diabo costuma violar todas as mulheres...
- Quero lá saber... pelo menos os buracos já estão feitos...!




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 Chegou um tipo ao bar e gritou:


Eh aí? Dê-me um copo de tinto!
O empregado encheu o copo e avisou:
- Aqui toda a gente que bebe um copo deita pró chão um pouco e oferece ao santo!O freguês fez um manguito com o braço.- Aqui, oh! Pró santo eu faço um manguito!No mesmo instante o braço dele endureceu de tal forma que não se mexia.

- O que aconteceu? - gritou o homem, desesperado.- O senhor ofendeu o santo e foi castigado.Mas como é a primeira vez que o senhor vem ao bar, vou resolver isso.O empregado chamou todos os fregueses e pediu que rezassem.O braço do sujeito foi voltando ao normal.Um velhinho viu tudo e ficou impressionado.
Dirigiu-se ao empregado, pediu um copo e bebeu de uma só vez.
O empregado perguntou:
- E pró santo?
O velhinho baixou as calças e tirou o dito pra fora:
- Aqui pró santo...!
O pau endureceu na hora.
O velhinho sacou uma arma e gritou:

- Se alguém rezar aqui, MORRE!!!!!!!!*