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quinta-feira, 4 de março de 2010

Dádiva



Não me peçam palavras melífluas
quando apenas a sonora gargalhada
me irrompe do peito como pedra lascada
nem sorrisinhos de catálogo de moda
quando o mijar numa esquina da cidade
é um acto poético e cheira a vida
não me peçam gestos simétricos e convencionais
quando um cosmopolítico manguito
abarca toda a náusea
de Bordalo a Pasolini
Não me peçam nunca aquilo que vós quereis
porque eu dou apenas aquilo que possuo
e que é esta raiva enorme de cuspir
esta feroz vontade de gritar
e o sexo amplo enorme e predisposto
a fertilizar o amor em todas as esquinas
peçam-me a mim
nada mais
e dar-vos-ei tudo o que possuo
o suor o sangue o sexo
EU
e comigo dar-vos-ei o homem primitivo
o que recusa a civilização do marketing
o que caga nas gravatas dos public-relations
mas que aposta no futuro único do
CRESCEI E MULTIPLICAI-VOS
Sim peçam-me a mim
Tomai e comei

ESTE É O MEU CORPO

Fernando Peixoto

2 comentários:

Feiticeira disse...

Olá Meu Amigo

Desculpa a ausência nos teus blogs, mas a tendinite na perna não me deixa ficar muito tempo sentada.
Mas aqui estou e coloquei a leitura em dia e quero lhe dizer que esta tudo uma beleza.

Beijinhos, bom final de semana

Don Juan disse...

Minha grande amiga...

tambem estava admirado com a ausencia
e me entristece saber dessa doença.

Não somo nada , de repente zás , aparecem coisas que nos transformam a nossa maneira de viver... temos é
de saber enfrentar essas adversidades.
Passarei pelo seu sitio..beijo