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sexta-feira, 12 de março de 2010


O dia amanheceu com gosto de cerveja.
As mãos ainda estremecidas
Buscaram a mulher que não havia
Ocupado a minha cama.

A cabeça pesada pesa menos que a vida desarrumada
E a lembrança do seu perfume e da pele macia
Que marcam sua ausência
Recorrente desejo que em mim ainda arde
Abrindo buracos no meu peito.

Um homem que navega à deriva
Ao sabor do vento não pode escolher
O porto para atracar.

O navio que sou
Navega por precisão
(apesar da imprecisão dos rumos)
Com o sentido único de que
Depois do mar
Nada há
Senão os lenços brancos do adeus
E a terra negra que cobre o esqueleto
Da nau inútil,

Ou seja,
Não há bússola, ou roteiro,
Capaz de modificar este navegar solitário.
E me entrego à cama confortável
Ainda mais sozinho

Para buscar o sono passageiro
Antes do sono eterno.

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