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sábado, 10 de maio de 2008

Não és tu

Sábado, Maio 10, 2008

Não és tu



Era assim tímido esse olhar,
A mesma graça, o mesmo ar;
Corava da mesma cor,
Aquela visão que eu vi
Quando eu sonhava de amor,
Quando em sonhos me perdi.

Toda assim; o porte altivo,
O semblante pensativo,
E uma suave tristeza
Que por toda ela descia
Como um véu que lhe envolvia,
Que lhe adoçava a beleza.

Era assim; e seu falar,
Ingénuo e quase vulgar,
Tinha o poder da razão
Que penetra, não seduz;
Não era fogo, era luz
Que mandava ao coração.

Nos olhos tinha esse lume,
No seio o mesmo perfume,
Um cheiro a rosas celestes,
Rosas brancas, puras, finas,
Viçosas como boninas,
Singelas sem ser agrestes.

Mas não és tu... ai! não és:
Toda a ilusão se desfez.
Não és aquela que eu vi,
Não és a mesma visão,
Que essa tinha coração,
Tinha, que eu bem lho senti.

Almeida Garrett

Foto:Yuri Bonder

1 comentário:

fotógrafa disse...

COM AS MÃOS SE FAZ A PAZ SE FAZ A GUERRA.
COM AS MÃOS TUDO SE FAZ E SE DESFAZ.
COM AS MÃOS SE FAZ O POEMA - E SÃO DE TERRA.
COM AS MÃOS SE FAZ A GUERRA - E SÃO A PAZ.

COM MÃOS SE RASGA O MAR, COM AS MÃOS SE LAVRA.
NÃO SÃO DE PEDRAS ESTAS CASAS MAS DE MÃOS. E ESTÃO NO FRUTO E NA PALAVRA,
AS MÃOS QUE SÃO O CANTO E SÃO AS ARMAS.

E CRAVAM-SE NO TEMPO COMO FARPAS,
AS MÃOS QUE VÊS NAS COISAS TRANSFORMADAS.
FOLHAS QUE VÃO NO VENTO, VERDES HARPAS.
DE MÃOS É CADA FLOR CADA CIDADE.
NINGUÉM PODE VENCER ESTAS ESPADAS:
NAS TUAS MÃOS COMEÇA A LIBERDADE.

(Manuel Alegre)

abraço e bom fds