Intervalo amoroso
- O que fazer entre um orgasmo e outro,
quando se abre um intervalo
sem teu corpo?
Onde estou, quando não estou
no teu gozo incluído?
Sou todo exílio?
Que imperfeita forma de ser é essa
quando de ti sou apartado?
Que neutra forma toco
quando não toco teus seios, coxas
e não recolho o sopro da vida de tua boca?
O que fazer entre um poema e outro
olhando a cama, a folha fria?
É como se entre um dia e outro
houvesse o vago-dia, cinza,
vida igual a morte, amortecida.
O poema, avulso gesto de amor,
é vão recobrimento de espaços.
O poema é dúbia forma de enlace,
substitui o pênis
pelo lápis
- e é lapso.
- Affonso Romano de Sant’Anna
2 comentários:
Olá, bom fds também para si...
obrigada pela visita
abraço
Substitua-se o o quer que seja, mas não deixem de fazer poesia....
Este poema não conhecia. Uma boa escolha, sem duvida!
Doce e terno beijo.
Enviar um comentário