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quinta-feira, 29 de maio de 2008

Intervalo amoroso


    O que fazer entre um orgasmo e outro,
    quando se abre um intervalo
    sem teu corpo?

    Onde estou, quando não estou
    no teu gozo incluído?
    Sou todo exílio?

    Que imperfeita forma de ser é essa
    quando de ti sou apartado?

    Que neutra forma toco
    quando não toco teus seios, coxas
    e não recolho o sopro da vida de tua boca?

    O que fazer entre um poema e outro
    olhando a cama, a folha fria?

    É como se entre um dia e outro
    houvesse o vago-dia, cinza,
    vida igual a morte, amortecida.

    O poema, avulso gesto de amor,
    é vão recobrimento de espaços.
    O poema é dúbia forma de enlace,
    substitui o pênis
    pelo lápis
    - e é lapso.

    Affonso Romano de Sant’Anna

2 comentários:

fotógrafa disse...

Olá, bom fds também para si...
obrigada pela visita
abraço

Maria disse...

Substitua-se o o quer que seja, mas não deixem de fazer poesia....

Este poema não conhecia. Uma boa escolha, sem duvida!

Doce e terno beijo.